14 setembro 2014

Suporte Básico de Vida (SBV) - Introdução - Técnicas de abertura das vias aéreas - Manobra de inclinação da cabeça com elevação do queixo - Manobra do empurre mandibular - Técnica para verificar respiração (VOS - ver, ouvir e sentir) - Respiração normal - Respiração anormal (taquipnéica ou bradipnéica) - Parada respiratória - Reanimação pulmonar - Respirações de resgate - Técnica de respiração boca-a-boca - Técnica de respiração boca-nariz - Técnica de respiração boca-máscara - Acessórios para reanimação pulmonar - Cânula Orofaríngea - Técnica de uso para adulto, infantil e lactente - Cânula nasofaríngea - Reanimador manual e Técnicas de ventilação adulto e lactente - Pressão cricóide - Técnica para aplicar a pressão cricóide - Parada cardíaca - Para se detectar a presença ou ausência de pulso carotídeo e braquial adulto e lactente - Compressões torácicas - Como encontrar o ponto de compressões da RCP em Adulto, Criança, Lactente e recém-nascido (neonato) - Profundidade das compressões em adultos, crianças e lactentes - Relacionar a compressão com a ventilação - RCP ( Tabela - Resumo dos principais componentes de SBV para adultos, crianças e bebês)

SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV)



INTRODUÇÃO

O Suporte Básico de Vida (SBV) é uma seqüência de ações que tem por finalidade restabelecer as funções do sistema respiratório e/ou circulatório. Essas ações, realizadas durante os primeiros minutos de uma emergência, são cruciais para a sobrevivência do paciente, sendo elas as seguintes:

- reconhecimento rápido do infarto de miocárdio e do acidente vascular cerebral e medidas para prevenir ou corrigir a parada respiratória e/ou circulatória;

- ação rápida diante de qualquer vítima que perde a consciência subitamente;

- desfibrilação de fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular com um DEA;

- reconhecimento e tratamento de obstrução das vias aéreas por corpos estranhos (OVACE).

Observação: a seqüência de SBV inclui, ao ABC da vida, o "D" de desfibrilação.


Técnicas de abertura das vias aéreas

Quando o tônus muscular é insuficiente, a língua e a epiglote podem obstruir a faringe. A língua é a causa mais freqüente de obstrução das vias aéreas na vítima inconsciente. Se não houver evidência de trauma craniano nem cervical, o socorrista deve utilizar a manobra de inclinação da cabeça com elevação do queixo para abrir as vias aéreas.


Manobra de inclinação da cabeça com elevação do queixo

Manobra de inclinação da cabeça com elevação do queixo

1. Colocar o paciente em decúbito dorsal e posicionar-se ao seu lado, na altura dos ombros e cabeça;

2. Colocar uma das mãos na testa do paciente e estender sua cabeça para trás;

3. Colocar as pontas dos dedos, indicador e médio, da outra mão, apoiadas na mandíbula para elevá-la até perceber uma resistência ao movimento.


Manobra de empurre mandibular

1. Colocar o paciente em decúbito dorsal e posicionar-se de joelhos acima da parte superior de sua cabeça;

2. Com os cotovelos na mesma superfície que o paciente ou apoiados nas coxas, segurar os ângulos da mandíbula do paciente com os dedos indicador e médio;

3. Com os dedos posicionados, empurrar a mandíbula para cima, mantendo a cabeça estabilizada com a palma das mãos. Não elevar ou realizar rotação da cabeça do paciente, pois a proposta dessa manobra é manter a via aérea aberta sem mover a cabeça ou o pescoço.

Manobra de empurre mandibular


Observação: ao realizar uma abertura de vias aéreas, use a manobra correta:

- em caso clínico: manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo;

- em caso de trauma: o socorrista, ao tratar uma vítima com suspeita de traumatismo na coluna cervical, sempre deve tentar abrir as vias aéreas com empurre mandibular; caso não promova uma via aérea efetiva com essa manobra, deve utilizar, então, a manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo.



Técnica para verificar respiração

Determine a presença ou ausência de respiração através do método VOS (Ver, Ouvir e Sentir).

 Método VOS (Ver, Ouvir e Sentir)

Coloque o ouvido próximo à boca e nariz do paciente, enquanto mantém as vias aéreas abertas, observando o tórax do paciente.

Observação: avalie a respiração entre 3 a 5 segundos de duração.


Respiração normal

- Veja os movimentos respiratórios. Observe a simetria da expansão e contração do tórax e a ausência de esforço para executar esses movimentos;

- Ouça o ar entrando e saindo do nariz e da boca. Os sons devem ser como os que normalmente ouvimos na respiração (sem roncos, não estar ofegante ou outros sinais incomuns);

- Sinta o ar, entrando e saindo do nariz e da boca.


Respiração anormal

- A respiração é ruidosa ou ofegante;

- O ritmo da respiração é irregular (taquipnéica ou bradipnéica);

- A respiração é muito superficial, muito profunda e difícil; ou, ainda, a respiração é feita com grande esforço, especialmente em crianças e bebês;

- A pele do paciente fica cianótica, acinzentada ou pálida;

- O paciente está, obviamente, se esforçando para respirar, usando os músculos da parte superior do tórax, ao redor dos ombros, e os músculos do pescoço;

- Há batimentos das asas do nariz, especialmente em crianças.


Parada respiratória

Supressão súbita dos movimentos respiratórios que poderá ser acompanhada de parada cardíaca.

O centro respiratório encefálico deve funcionar para haver respiração e para que a freqüência e a profundidade respiratórias sejam adequadas, a fim de controlar os níveis sanguíneos de dióxido de carbono.

O fluxo sanguíneo cerebral inadequado, choque ou parada cardíaca pode afetar gravemente o centro respiratório. A respiração detém-se poucos segundos após o coração deixar de bater. De fato, muitos quadros que reduzem gravemente a oxigenação do sangue podem provocar parada respiratória, mesmo que a quantidade de sangue que circula pelo encéfalo seja normal. Nesses casos, a vítima pode apresentar uma parada respiratória completa ou realizar esforços respiratórios ineficazes (respirações "agônicas"), geralmente associados com contração dos músculos dos braços e das pernas. Não confunda respirações agônicas com respirações efetivas ao determinar se é necessário efetuar respiração de resgate.


Reanimação pulmonar

A reanimação pulmonar é todo esforço para reanimar ou para restabelecer, artificialmente, a função normal dos pulmões.

O ar atmosférico possui 21% de oxigênio. Dos 21% inalados, uns 5% são utilizados pelo organismo e os 16% restantes são exalados, quantidade suficiente para suprir as necessidades da pessoa na vida diária. Quando uma pessoa encontra-se com deficiência respiratória, necessário se faz a oferta de uma concentração maior de oxigênio para suprir essa ineficiência.


Respirações de resgate

Para fornecer respirações de resgate, administre respirações lentas e permita a expiração completa entre as respirações, a fim de diminuir a probabilidade de exceder a pressão de abertura esofágica. Essa técnica diminuirá a distensão gástrica, a regurgitação e a aspiração.


Técnica de respiração boca-a-boca

1. Abra as vias aéreas;

2. Feche as narinas do paciente com seus dedos (indicador e polegar);

3. Inspire o ar e coloque sua boca com firmeza sobre a boca do paciente e ventile lentamente (1 segundo) para dentro dos pulmões do paciente;

4. Retire sua boca e libere as narinas, deixando o ar sair livremente;

5. Realize uma ventilação artificial a cada 5 ou 6 segundos (10 a 12 ventilações de resgate por minuto) no socorro de adultos, e uma ventilação a cada 3 ou 5 segundos (12 a 20 ventilações de resgate por minuto) no socorro de lactentes e crianças.

Técnica de respiração boca-a-boca


Técnica de respiração boca-a-boca/nariz


Utilizada em lactentes:

Técnica de respiração boca-a-boca/nariz


1. Abra as vias aéreas;

2. Coloque sua boca sobre a boca e o nariz do paciente e em seguida promova uma ventilação lenta (1 segundo por ventilação);

3. Inspire o ar e ventile de forma a observar a elevação toráxica do paciente;

4. Retire sua boca e deixe o ar sair livremente;

5. Realize uma ventilação artificial a cada 3 segundos (20 ventilações de resgate por minuto) no socorro de lactentes;

6. Avalie o pulso após cada minuto de ventilação.


Técnica de respiração boca-máscara

1. Abra as vias aéreas do paciente;

2. Posicione a máscara sobre a face do paciente, com o ápice sobre a ponta do nariz e a base entre os lábios e o queixo;

3. Use a mão mais próxima da testa do paciente para selar a máscara, pressionando ao longo da borda superior com o indicador e o polegar. Aperte a borda inferior com o polegar da outra mão e posicione os dedos restantes ao longo da mandíbula;

4. Comprima toda a borda da máscara, firmemente, evitando o escape de ar;

5. Forneça respirações lentas de resgate, observando se há expansão torácica;

6. Retire a boca e deixe o ar sair livremente. O tempo de cada ventilação é o mesmo descrito na técnica de boca-a-boca (adulto e criança) e boca-a-boca/nariz (lactente).

Técnica de respiração boca-máscara


Acessórios para reanimação pulmonar

Cânula orofaríngea

Dispositivo usualmente feito de plástico, cuja finalidade é sustentar a língua, evitando o bloqueio das vias aéreas.

O tipo mais comum em atendimento pré-hospitalar (APH) é o que possui uma abertura no centro "Guedel", a fim de permitir a respiração ou acesso fácil para aspiração bilateral, devendo ser usada em conjunto com o reanimador manual e colocada apenas em pacientes inconscientes.


Técnica para seu uso

1. Escolha o tamanho correto:

· adulto: lóbulo da orelha ao canto da boca;
· criança e lactente: ângulo da mandíbula ao canto da boca.


2. Cruze os dedos, polegar e indicador, abrindo a boca do paciente;



3. Introduza-a na posição correta:

· adulto: com a extremidade contra o palato, girando-a em 180º;

· criança e lactente: com a extremidade contra a língua, sem giro.



4. Deslize a cânula até que a extremidade com borda se localize sobre os lábios ou queixo, de forma que sua curvatura siga o contorno da língua.


Cânula nasofaríngea


Tubo de plástico ou borracha que promove uma via para o fluxo de ar entre as narinas e a parede faríngea. Pode ser utilizada em pacientes conscientes e inconscientes. O  comprimento adequado da cânula nasofaríngea é medido da ponta do nariz ao trágus da orelha (cartilagem saliente triangular situada à frente do conduto auditivo).Vide figura acima.


Reanimador manual

Equipamento utilizado para ventilar, artificialmente, o paciente que não apresenta respiração espontânea. Fornece oxigênio a 21%, podendo liberar altas concentrações de oxigênio (90 a 100%) quando instalado a uma fonte (cilindro de oxigênio) e bolsa reservatório.

Reanimadores manuais - adulto e infantil


Técnica de ventilação com bolsa-máscara (reanimador manual)

1. Posicione o paciente corretamente (decúbito dorsal);

2. Posicione-se próximo à cabeça do paciente;

3. Abra a boca do paciente e coloque a cânula orofaríngea, conforme técnica descrita anteriormente;

4. Coloque a máscara do reanimador sobre a face do paciente, com a base entre a protuberância do queixo e o lábio inferior e a ápice voltada para o nariz;

5. Faça a vedação com o polegar mantido na porção superior da máscara e o indicador na porção inferior, comprimindo-a de maneira firme para se obter boa vedação em toda sua borda;

6. Coloque os demais dedos ao longo da mandíbula inclinando a cabeça do paciente (adulto), a fim de manter as vias aéreas abertas. Em lactente, deve-se utilizar apenas o dedo médio sobre a mandíbula, mantendo a cabeça em posição neutra;



7. Comprima, com a outra mão, a bolsa principal do reanimador de forma ritmada, uma vez a cada 5 ou 6 segundos (10 a 12 ventilações de resgate por minuto) no socorro de adultos; e uma ventilação a cada 3 ou 5 segundos (12 a 20 ventilações de resgate por minuto) no socorro de lactentes e crianças;

8. Observe, durante cada ventilação, a expansão torácica. Caso esteja ausente ou insuficiente, reavalie todos os procedimentos adotados;

9. Após 1 minuto de reanimação, avalie o pulso. Caso o pulso esteja ausente, inicie a RCP.


Pressão cricóide

A pressão cricóide, ou manobra de Sellick, consiste em aplicar pressão sobre a cartilagem cricóide da vítima inconsciente.

A pressão empurra a traquéia para trás, comprimindo o esôfago contra a coluna cervical durante a respiração de resgate. A pressão cricóide é efetiva para prevenir a distensão gástrica durante a ventilação com pressão positiva de vítimas inconscientes. Por sua vez, a redução de distensão gástrica  diminui o risco de regurgitação e aspiração.

A utilização correta da técnica requer um socorrista adicional, para fazer apenas pressão cricóide, sem participar de outras atividades de ressuscitação.


Técnica para aplicar pressão cricóide

1. Localize a cartilagem tireóide com o dedo indicador;

2. Deslize o dedo indicador até a base da cartilagem tireóide e apalpe o anel horizontal abaixo dela (essa é a cartilagem cricóide);

3. Com a ponta do polegar e do indicador, pressione firmemente a cartilagem cricóide.

Pressão cricóide

Observação: nos lactentes, usa-se a ponta do dedo indicador para aplicar a pressão. Deve-se evitar pressão excessiva, especialmente, em lactentes e crianças.

            
Parada Cardíaca

É o cessar da atividade mecânica do coração. É um diagnóstico clínico confirmado pela falta de resposta a estímulos, ausência de pulso detectável e apnéia (ou respirações agônicas).

Em RCP considerar:

- recém-nascido: até 28 dias após o nascimento;

- lactente: a partir de 28 dias até completar 1 ano;

- criança: a partir de um ano até o início da puberdade (de 12 a 14 anos);

- adulto: a partir da puberdade.


Para se detectar a presença ou ausência de pulso carotídeo:

1. localize a cartilagem tireóide e coloque a ponta dos dedos (indicador e médio) ao lado desse ponto, mantendo a cabeça em posição inclinada para trás (se não houver suspeita de lesão na coluna cervical);

2. deslize os dedos entre a traquéia e o músculo lateral do pescoço do lado mais próximo a você;

Verificação do pulso carotídeo

3. exerça pequena pressão neste ponto e sinta o pulso da artéria carótida (adulto e criança). Se não há pulso, inicie as compressões torácicas ou conecte um DEA, quando possível.


Para se detectar a presença ou ausência de pulso braquial:

1. localize o terço médio da parte interna do braço, entre o cotovelo e o ombro do lactente;

Verificação do pulso braquial

2. com o polegar na face externa do braço, pressione, com suavidade, os dedos indicador e médio contra o úmero para sentir o pulso braquial;

3. se não conseguir detectar o pulso ou outros sinais de circulação, ou caso a freqüência cardíaca seja menor que 60 bpm, em um llactente ou em uma criança com sinais de hipoperfusão, inicie RCP.

Observação: a verificação dos pulsos carotídeo e braquial não deve levar mais de 5 a 10 segundos.


Compressões torácicas

Se o paciente estiver em parada cardíaca, você deverá:

1. Encontrar o ponto de compressões da RCP:

- adulto: centro do peito, entre os mamilos;

- criança: mesmo modo do adulto;

- lactente: imediatamente abaixo da linha dos mamilos.


2. Posicionar corretamente suas mãos para realizar as compressões:

- adulto: posicione a base de uma das mãos no ponto de compressão da RCP (centro do peito entre os mamilos). A outra mão deverá sobrepor a primeira, de modo que as bases das duas mãos fiquem alinhadas uma sobre a outra e seus dedos não devem tocar o tórax do paciente. Seus dedos podem ficar estendidos ou entrelaçados;



- criança: faça as compressões com a base de uma das mãos, posicionada sobre o ponto de compressão da RCP (centro do peito entre os mamilos);



- lactente: faça as compressões com a ponta de dois dedos, posicionados sobre o ponto de compressão da RCP (imediatamente abaixo da linha dos mamilos);



- recém-nascido (neonato): envolva o tórax do recém-nascido com as duas mãos; posicione os polegares sobre o esterno, comprimindo-o, e os outros dedos, sobre o dorso do paciente. Os polegares podem ser posicionados lado a lado ou, no recém-nascido pequeno, um sobre o outro.


3. Promover as compressões torácicas externas:

Profundidade das compressões

adulto: deslocamento de 1,5 a 2 polegadas;

criança e lactente: deslocamento de 1/3 a 1/2 da profundidade  do tórax.

A compressão deverá ser realizada com uma pressão suficiente para gerar pulso.


4. Relacionar a compressão com a ventilação:

1 (um) socorrista:
- adulto, criança e lactente: 30 X 2.

2 (dois) socorristas:
- criança e lactente: 15 X 2.

1 (um) ou 2 (dois) socorristas:
- recém-nascido (neonato): 3X1.


5. No adulto, criança e lactente, reavalie o pulso após 2 minutos de RCP ou 5 ciclos (1 ciclo de RCP corresponde a 30 compressões e 2 ventilações de resgate), revezando o posicionamento dos socorristas. No recém-nascido (neonato), reavalie a cada 30 segundos.

As compressões torácicas eficazes são essenciais para promover o fluxo sangüíneo. O socorrista deve fazer compressões rápidas e forçadas, na freqüência de 100 por minuto, permitindo que o toráx  retorne após cada compressão.


O socorrista deve limitar as interrupções das compressões, ventilações de resgate e verificação do pulso para intervalos inferiores a 10 segundos, exceto para intervenções específicas, como o uso de um desfibrilador.


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