04 novembro 2012

Técnica de salvamento em fosso ou poço - Problemas encontrados e possíveis soluções - Sequencia básica - Material empregado na operação - Atribuições e técnicas empregadas pelos componentes da guarnição - Uso de escada - Descida do Bombeiro em um poço - Içamento da vítima - Ascensão do Bombeiro


Técnica de salvamento em fosso ou poço

Para fins de salvamento, é considerado poço qualquer orifício (buraco) de área restrita (cisternas, fossas, buracos de postes, bueiros etc.), também chamado de espaços confinados.


Nessas ocorrências, o salvamento visa à retirada de pessoas ou animais.

Os materiais usados são, basicamente, os empregados nas atividades em altura e de proteção individual e proteção respiratória (EPI e EPR).

Sempre que possível, faça uso do tripé ou do aparelho de poço, que tem como vantagens:

- a centralização da corda na abertura, evitando choques com as paredes do poço;

- a facilidade do uso de roldanas e outros materiais multiplicadores de força diminuindo o esforço de içamento;

- o melhor espaço para a entrada do salvador como também para a saída da vítima, devido à altura da polia por onde passa a corda.

O tripé pode ser substituído por estruturas ou árvores próximas que possibilitem o trabalho. Pode-se também fazer uso de escadas ou outros materiais para facilitar o serviço.


Principais problemas encontrados e soluções possíveis:


  
O gás mais encontrado em poços é o metano que é inodoro e incolor, formado pela decomposição de matéria orgânica.


As formas de realização de ventilação no poço são:

- uso de exaustor como ventilador;

- injeção de ar por mangueira (linha de ar) podendo ser usada uma mangueira comum e cilindros de máscaras contra gases;

- introdução de um cilindro de ar respirável um pouco aberto.


Existem também outros tipos de gases que podem ser encontrados em poços (todos os que sejam mais pesados que o ar).

Evite posicionar-se olhando para dentro do poço, pois, pode-se sofrer intoxicação pelo gás emanado para fora do poço, dependendo da sua concentração.

Caso a vítima se encontre consciente, suprima o uso de equipamento de proteção respiratória pelo bombeiro, porém, a ventilação é imprescindível.



SEQÜÊNCIA BÁSICA DO SALVAMENTO EM POÇOS

1. ventilação - dependerá do espaço e do material disponível.


2. descida do bombeiro - amarração do tripé;

- amarração do bombeiro;
- amarração do EPR;
- preparação do material para içar a vítima.


3. amarração da vítima - dependerá do espaço disponível e das condições da vítima;

- uso de maca é limitado ao espaço;

- cuidados quanto a traumatismos na coluna.


4. retirada da vítima - subida lenta, sem trancos;

- cuidado com as laterais (pendulação).


5. retirada do bombeiro - poderá ser retirado antes da vítima, dependendo da situação;

- saída após a vítima é a atitude correta.


6. proteção das bordas - com lonas, lençóis ou tábuas na proteção e para evitar desmoronamentos.

Em poços de diâmetros menores, onde não existe a possibilidade de descer um bombeiro, pode-se:

- fazer uso de um gancho, que seja similar a uma bengala, o qual será introduzido entre as pernas da vítima, geralmente criança, ficando em uma posição confortável, nessa situação, a vítima deve está consciente.

- tentar alcançar a vítima com um cinto de salvação, observando a sua passagem pelos braços, ficando nas axilas, em último caso, tentar, por meio de um laço, alcançar os punhos da vítima. Deve-se ter extremo cuidado, pois essa atividade poderá não funcionar e ainda provocar lesões graves.

- introduzir um bombeiro ou até mesmo um civil que esteja disposto a colaborar. Essa introdução deverá ser de cabeça para baixo para amarrar ou segurar a vítima. Essa posição é muito desconfortável, não devendo o bombeiro ou a pessoa atuante permanecer assim por muito tempo.

- escavar um poço paralelo. Tal técnica só deverá ser utilizada em último caso, pois, além de existir o risco de desmoronamento, é uma técnica muito lenta, devendo ser o poço aberto com ferramentas de mão, nunca utilizar máquinas de médio ou de grande portes. Ter conhecimento técnico dos procedimentos que deverão ser tomados, à distância entre os poços pode variar entre 1 a 1,5 metro e com diâmetro superior a 1 metro, isso vai depender das condições do terreno.

O poço para o salvamento deve ser mais profundo, para que dê condições de trabalho ao bombeiro e, quando for realizada a ligação entre os poços, será realizado o escoramento, bem como o escavamento com muito cuidado para não atingir a vítima com as ferramentas. Em poços de grande diâmetro, é aconselhável utilizar uma escada, para facilitar o acesso do bombeiro e a retirada da vítima.

As diferentes técnicas de salvamento em fosso ou poço, bem como os procedimentos de segurança, se dão de acordo com a situação encontrada. Dependendo do estado em que se encontra a vítima, das condições que se encontra o ambiente, tais como: largura, profundidade, gases tóxicos, oxigenação, água e outros, além do material disponível para a realização da operação.

Operações como essas exigem do bombeiro (socorrista), profundo conhecimento técnico e, sobretudo, cautela, pois esses fatores, dentre outros, são pontos importantes para o sucesso da missão. A falta de conhecimento dessas especificidade contribuirá para  que os socorristas coloquem em risco a integridade física de cada componente da guarnição como também da própria vítima.


  
A guarnição é composta por um chefe mais 4 (quatro) auxiliares, a qual é responsável pela preparação dos materiais para a execução da técnica no salvamento.


Material empregado na operação

- 1 (uma) escada;
- 1 (um) aparelho de poço ou tripé adequado para a operação;
- 1 (um) equipamento autônomo de respiração artificial, (proteção respiratória);
- 1 (um) cilindro extra (para oxigenação e ventilação);
- lonas para proteção das bordas do poço;
- 1(um) mosquetão;
- iluminação se necessário;
- 4 (quatro) cordas que servirão como guias e/ou segurança.




Atribuições dos componentes da guarnição

Chefe de guarnição

- comanda e coordena a operação;
- determina ao auxiliar n.º 1 que prepare a máscara e a corda de sua segurança individual;
- determina ao auxiliar n.º 2 que prepare a segurança da máscara;
- determina ao auxiliar n.º 3 que providencie a ventilação do ambiente;
- determina ao auxiliar n.º 4 que providencie a segurança do auxiliar n.º 1;
- orienta ao auxiliar n.º 1 que providencie a amarração para o içamento da vítima.


Auxiliar n.º 1

- prepara a máscara;
- prepara sua segurança com a corda que servirá como guia;
- coloca o mosquetão no nó de azelha;
- coloca o equipamento autônomo próximo ao poço ou fosso;
- toma posição na borda do poço;
- coloca a máscara na face;
- desce a escada, toma posição de segurança na escada e equipa-se com o material autônomo;
- desce até a vítima;
- executa o nó para içamento da vítima;
- dá o pronto da amarração;
- auxilia na colocação da vítima em pé (na vertical);
- executa o processo inverso ao retornar.


Auxiliar n.º 2

- mune-se de uma corda que servirá como cabo guia;
- executa o lais de guia no equipamento autônomo;
- guia o equipamento até o auxiliar n.º 1; equipa-se com material autônomo;
- iça o cabo guia da máscara.


Auxiliar n.º 3

- prepara o cilindro;
- faz a amarração do cilindro com uma corda que servirá de cabo guia;
- desce o cilindro até o fundo do poço ou fosso;
- fixa a corda de sustentação no cilindro.


Auxiliar n.º 4

- assume a segurança do auxiliar n.º 1;
- iça a segurança do auxiliar n.º 1;
- prepara a corda para amarração e içamento da vítima;
- executa o nó balso pelo seio na corda de içamento da vítima;
- desce a corda de içamento da vítima;
- auxilia no içamento da vítima.


Técnica empregada pela guarnição

Observação: o auxiliar n.º 1 da guarnição deverá ser o de menor porte físico, para facilitar a operação no interior do poço.

Ao comando de: “Preparar para o resgate de vítima em poço”, o chefe de guarnição determinará a um dos elementos da guarnição que ilumine do poço se necessário.

O auxiliar n.º 1 - prepara a máscara para o resgate, fazendo a sua segurança da seguinte forma: executa um balso pelo seio na corda que servirá de cabo guia, pegando seu chicote e dando uma braçada e meia, veste esse nó, dando um nó direito na altura do tórax e pegando essa corda mais ou menos na altura da face e fazendo um nó de azelha, enganchando um mosquetão na alça formada.

O auxiliar n.º 2 - pegará uma corda e fará a segurança do equipamento autônomo de proteção respiratória da seguinte forma: executará um lais de guia entre o cilindro e a sela, por baixo da braçadeira.

O auxiliar n.º 3 - prepara o cilindro para a ventilação do ambiente da seguinte forma: enrola-o por completo em uma lona, pega uma corda e executa um nó volta do fiel em seu meio e dá uma meia volta no fecho do cilindro para descê-lo na vertical. Chegando o cilindro no fundo do poço à altura desejada, amarra essa corda em um ponto fixo.


O auxiliar n.º 1 - coloca o equipamento próximo ao poço, senta na borda, coloca a máscara na face e dá o pronto para descer.

O auxiliar n.º 3 - assume a segurança do n.º auxiliar n.º 1.

O auxiliar n.º 1 - começa a descer, enquanto o auxiliar n.º 3 faz a sua segurança; e o auxiliar n.º 2 guia o equipamento autônomo.

O auxiliar n.º 1 - faz sinal, por meio da corda de segurança, avisando que irá se equipar com o equipamento autônomo (figura 257).

Ele toma posição na escada da seguinte forma: passa uma das pernas entre os degraus da escada se esta estiver ligeiramente afastada, ficando de frente para ela, deixará um degrau atrás do joelho e voltará o pé embaixo para o seu lado (figura 257).



O auxiliar n.º 1 - fará sua segurança na escada e se equipará da seguinte forma: passará o nó de azelha em um ponto à sua frente (degrau da escada) e enganchará e travará o mosquetão; fará sinal com a corda de segurança e o auxiliar n.º 2 descerá a máscara para que ele se equipe. Depois de equipado, retirará o azelha com o mosquetão do degrau à sua frente e dará o sinal para começar a descer.

Chegando no local onde se encontra a vítima, o auxiliar n.º 1 dá o sinal para que seja providenciada a corda para o içamento da vítima (figura 258).



O auxiliar n.º 4 - executa um balso pelo seio, no cabo de içamento da vítima, e o desce para que o auxiliar n.º 1 possa fazer a amarração para içamento de vítima.

O auxiliar n.º 1 - veste o balso na vítima, dá um nó direito à altura do tórax dela e dá um sinal para que a vítima seja içada.

O auxiliar n.º 4 - juntamente com os demais auxiliares, içam a vítima, enquanto que o auxiliar n.º 1 auxilia para que ela fique na vertical.

O chefe auxilia quando a vítima ascender do poço, para facilitar na saída.

Observação: para que os auxiliares executem o içamento da vítima, se fará necessário fixar, em um ponto, as cordas de segurança do auxiliar n.º 1 e do equipamento autônomo de proteção respiratória.

Só após a saída da vítima, os outros auxiliares retornam para efetuar a segurança do auxiliar n.º 1.

O auxiliar n.º 1 - sobe e se desequipa realizando um processo inverso ao da descida.



O material será recolhido de modo inverso ao que foi preparado, sendo que a guarnição fará a sua conferência.

O chefe dá por terminada a operação.






2 comentários:

  1. Só faltou informar a fonte. Manual de Instruções de Salvamento para Bombeiros. Brasília, DF, ST Araújo. CBMDF.

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  2. Boa tarde ST Araújo... CBMDF se destaca entre todas as Corporações do Brasil. Vou dar um zoom no baner em que cito a fonte que está entre bandeiras logo acima.
    Abração ao Sr. e aos Componentes do CBMDF...

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