05 novembro 2012

CAPÍTULO X - Resgate em espaço confinado - Procedimentos básicos - Operações em galerias - termos técnicos usados e relacionados ao espaço confinado - Bengala de cego - Boca de lobo - Bueiros - EPI - EPR - Espaço confinado - Instalações subterrâneas - Estações elétricas subterrâneas - Galerias - Gases inflamáveis - Gás sulfídrico ou sulfato de hidrogênio - Monóxido de carbono - Nitrogênio - Oxigênio - Percorrer a galeria - Poços de visita - Partes por milhão (PPM) - Sulfona -




RESGATE EM ESPAÇO CONFINADO (UNIDADE II)

Procedimentos básicos

Com base em experiências, foi possível traçar alguns procedimentos básicos para entrada em espaço confinado, os quais visam identificar os riscos dessas atividades e propor uma técnica para se fazer o salvamento de vítimas e o resgate de cadáveres obtendo o melhor índice de segurança. Podemos resumi-los em:

- estacione a viatura antes da entrada da galeria sinalizando o local e protegendo a guarnição;

- verifique as condições de acesso à galeria;

- transmita dados sobre o local e solicite informações meteorológicas nas proximidades;

- equipe-se com EPI, EPR e equipamentos necessários;

- monitore o ambiente detectando atmosfera explosiva, deficiência de O2 e/ou gases contaminantes;

- Ventile o local abrindo sempre duas tampas;

- prevenir-se, utilizando equipamentos de salvamento;

- entre sempre em equipe de, no mínimo, dois bombeiros;

- ande sempre com, no máximo, 5 (cinco) passos de distância entre as duplas e ancorados com cabo da vida;

- mantenha contato verbal ou por sinais com a equipe externa a cada 50 m ou a cada tampa;

- socorra as vítimas ou retire os cadáveres;

- feche corretamente as tampas para evitar novos acidentes;

- conduza bombeiros feridos, por menor que seja o ferimento, ao hospital;

- lave e confira o material;

- lave-se e coloque uma roupa limpa quando chegar à Unidade.


Observações importantes:

O uso de EPR é obrigatório. Somente poderá deixar de ser usado em situações não emergenciais em que o ambiente possa ser monitorado e ventilado adequadamente.

Existe um alto risco para os bombeiros que estão no interior da galeria, portanto, a equipe externa deve estar pronta e em condições de fazer o salvamento de um acidentado, sendo necessário, para isso, deixar uma equipe pronta para atender uma eventualidade, antes de a primeira equipe entrar na galeria.


Operações em galerias

As atividades de salvamento realizadas no interior de galerias consideradas como locais confinados e de características especiais.

Em virtude dessa especificidade, é necessário que o Comando da Corporação mantenha um plano de procedimentos básicos ou detenha uma fonte de consulta conhecida que norteie a atuação das guarnições em galerias, pois, por causa dessa falta de informações claras e precisas muitas ocorrências tornam-se aventuras perigosas.

É importante ressaltar que a entrada em locais confinados implica sempre em um risco iminente e deve sempre ser bem planejada. A experiência comprova que a negligência a esses cuidados geralmente resulta em situações desastrosas.


Termos técnicos usados e relacionados ao espaço confinado

Para melhor compreensão desse assunto, começaremos do básico que é conhecer alguns termos usados nessa atividade como:

Bengala de cego: é um equipamento utilizado para  exploração de galerias, com a finalidade de tatear o caminho, indicando as armadilhas de superfície, como:

materiais perfurantes, cortantes, buracos, etc. Geralmente há uma lâmina de água nessa superfície, impossibilitando o bombeiro de identificar as depressões. Consiste de uma haste de madeira, alumínio ou qualquer outro material, com comprimento de, mais ou menos, 1,20 m e diâmetro de, no máximo, 0,05 m. A forma mais fácil de confeccioná-las é utilizando cabos de vassoura. Numa das extremidades deve conter um gancho, parecido com um croque, que tem a função de fisgar objetos. Quando houver equipamentos elétricos energizados, use somente materiais isolantes.

A principal característica da bengala de cego é a leveza, pois o bombeiro deve manejá-la durante todo o tempo (figura 297).



Boca-de-lobo: é o nome dado à grelha de ferro que, assim como os bueiros, captam águas das chuvas e as conduzem para as canalizações maiores, que são as conhecidas tubulações para águas pluviais - as galerias (figura 298).



Bueiros: são captações de água de chuva situadas nas guias de calçadas, em forma de caixa de inspeção, cobertas por uma tampa retangular de concreto armado de mais ou menos 1,10 m de comprimento por 0,70 m de largura. As águas de chuva escorrem pelas guias convergindo para os bueiros, e estes, por sua vez, conduzem a água para as galerias de águas pluviais (figura 300).


Equipamento de Proteção Individual (EPI).

Equipamento de Proteção Respiratória (EPR) com pressão atmosférica normal ou positiva.

Espaço confinado - “ambiente em que há limitação para a entrada ou saída e/ou que esteja sujeito ao acúmulo de gases tóxicos ou inflamáveis e/ou que tenha deficiência ou enriquecimento de oxigênio” (verbete da Norma OSHA).

Instalações subterrâneas: são construções civis abaixo do nível do solo para permanência ou não de pessoas e equipamentos, que realizam tarefa ou estão em trânsito. Seu projeto inicial deve prever atmosferas adversas, prevenir o efeito labirinto e estoque de material perigoso.

Observação: verifique o conceito técnico na Unidade I.

Estações elétricas subterrâneas: locais abaixo do piso dotados de equipamentos elétricos, como transformadores de tensão elétrica e disjuntores de acionamento manual ou automático (figura 299).



Galerias: são canais, tubulações ou corredores subterrâneos com ou sem diâmetros diferentes, de formato circular, quadrado ou retangular, com diversos quilômetros de distância, unidos uns aos outros em forma de malha. As galerias podem ser construídas para diversas funções, como: águas pluviais, esgotos, cabos elétricos e de telefone, etc. As galerias de águas pluviais e esgotos convergem sempre para as galerias de diâmetros maiores e estas irão desembocar nos rios ou lagos, os quais, por sua vez, devem possuir sistemas de tratamento.



Gases inflamáveis: os gases combustíveis e vapores têm diferentes faixas de explosividade. Considera-se como Limite Inferior de Explosividade (LIE), a concentração (mistura gás/ar) mais baixa de gás inflamável comburente, que pode inflamar e explodir. Como Limite Superior de Explosividade (LSE) considera-se a concentração (mistura gás/ar) mais alta de gás inflamável comburente, que ainda se inflama e explode em presença de uma fonte de ignição (faísca ou fonte externa de calor).

Gás sulfídrico ou sulfato de hidrogênio (H2S): gás incolor, inflamável, apresenta cheiro forte e irritante; tem uma ação irritante aos olhos e aparelho respiratório.

Monóxido de carbono (CO): gás resultante da combustão de substâncias orgânicas; altamente tóxico, mais leve que o ar, combustível, incolor, inodoro e sem sabor.

Nitrogênio (N2): azoto; gás inerte, incolor, inodoro e insípido; é impróprio para a respiração e para a combustão.

Oxigênio (O2): gás existente no ar; simples, incolor, inodoro, insípido, muito pouco solúvel na água; encontra-se no ar na proporção de cerca de 21% e constitui comburente natural para propiciar a existência do fogo.

Percorrer a galeria: tem um sentido especial para efeito de procedimentos, pois significa caminhar num sentido e direção ordenados ultrapassando a distância de mais de um poço de visita e estando desatrelado de qualquer ligação de segurança (cabo guia) com a parte exterior.

Poços de visita (PV): são entradas para acesso ao interior das galerias, localizadas, geralmente, nas calçadas e no leito carroçável, mas podendo estar também em parques, jardins, no interior de edificações, etc. No trajeto da galeria, os poços de visita distanciam-se, geralmente, de 40 a 100 m. Em dias de sol, a galeria de águas pluviais deve estar seca ou com uma fina lâmina de água; e em dias de chuva, esta mesma pode estar cheia (figura 301).



Partes por milhão (PPM): unidade de medida utilizada para medir concentrações de gases no ambiente.

Sulfona (Grupo SO2): composto orgânico cujo enxofre é o principal agente.





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