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06 outubro 2012

Ventilação tática e Cuidados - Efeitos sobre o incêndio - O que acontece ao confinar o fogo - Ventilação e suas funções - Direção dos ventos - Resfriamento perpendicular - Comportamento da fumaça - Ventilação ( forçada, pressão negativa e positiva, hidráulica, Jato neblinado ) - Ventiladores à água e com motor à explosão - Problemas com o uso de ventiladores - Incorporando o uso de ventiladores ao combate a incêndio - Tabela do Resumo das ações e efeitos da ventilação - Exemplos de ataque ( residência e comércio desocupado )


Ventilação tática

A ventilação de incêndios não é uma preocupação recente, conforme mostra este extrato de um texto publicado ainda no século XIX. Depois desse início promissor, a ventilação passou muito tempo esquecida, ressurgindo apenas recentemente estudos sobre suas vantagens e seu uso.

“Caldeiras a carvão possuem uma porta embaixo. A porta da rua de uma casa incendiada tem o mesmo efeito. Abertas, ambas fornecem o ar vital para as chamas.”

Ventilação tática são ações de controle da circulação de fumaça e de ar, de forma planejada, para obter vantagens operacionais no combate a incêndio.

A visão sobre ventilação varia de continente para continente. A Europa, tradicionalmente, volta seu combate a incêndios para as condições encontradas em estruturas de compartimentos pequenos, trabalhando com baixa vazão e alta pressão nas mangueiras, confinando o fogo (também chamado de anti-ventilação) e estabilizando os gases aquecidos no ambiente antes de abri-lo.

Os americanos voltam o seu combate para as condições de incêndios de propagação rápida, em grandes espaços.

Utilizam ventilação de forma agressiva e ataque rápido ao foco, com uma alta vazão nas mangueiras.

Atualmente, com a disseminação do uso da ventilação forçada com ventiladores e a preocupação causada por acidentes fatais envolvendo comportamentos extremos do fogo, ambas as visões têm-se modificado, absorvendo procedimentos de uma e de outra.

Toda ventilação deve ser feita conscientemente, conforme a conveniência do combate. Qualquer entrada em local incendiado implica em ventilar o ambiente, ou seja, é impossível abrir uma porta ou uma janela, sem permitir a entrada de ar. O entendimento de como a ventilação ocorre possibilita usá-la a favor do combate a incêndio mais eficiente e eficaz.

A ventilação é interdependente das demais ações do combate ao incêndio. Perceba que nas demais técnicas tratadas neste manual, enfatiza-se que portas e janelas não devem ser abertas indiscriminadamente, pois afetaria a ventilação de forma não planejada.

Utilizar ventilação exige coordenação entre o exterior e o interior da edificação.

A ventilação também precisa ser planejada antes da execução, pois corrigi-la em andamento é difícil, já que algumas aberturas serão permanentes.


Efeitos da ventilação sobre o incêndio

A ventilação aumenta a velocidade da combustão, mas dilui e dispersa a fumaça, tornando-a menos inflamável, e assim facilitando o acesso ao foco.

Pelo contrário, a falta de oxigênio diminui a velocidade da combustão, mas aumenta o acúmulo de fumaça altamente inflamável.

Isso é o que acontece ao se confinar o fogo.


A fumaça propaga o fogo pela rota em que se desloca, portanto, a saída da fumaça deve ser na direção em que a propagação do fogo será menos danosa. Se estiverem no caminho materiais ainda não incendiados ou vítimas, a situação será agravada.

 Figura 164 - A fumaça propaga o fogo até o seu ponto de saída


A ventilação possui como principais funções:

A redução do risco de comportamentos extremos do fogo, pela diluição da fumaça.

A melhoria da visibilidade no interior da edificação sinistrada.

A diminuição da temperatura e aumento da disponibilidade de ar respirável para as vítimas distantes do foco.

A redução da velocidade de propagação, pelo confinamento do fogo.

Figura 165 - Diferença de um incêndio não ventilado e de um ventilado

Ventilar acelera a combustão, mas dirige a fumaça para cima, para longe de vítimas e áreas não atingidas.


Ventilação natural e seus fatores de movimento

A ventilação natural é o aproveitamento racional dos deslocamentos dos gases em prol da operação de combate a incêndio, podendo ser HORIZONTAL ou VERTICAL.


Os principais fatores de movimento da ventilação natural são:

O empuxo.

A sobre-pressão no compartimento incendiado.

A pressão negativa em corredores e escadas.

A direção do vento.

Os gases aquecidos da fumaça têm densidade menor que o ar ambiente, e, portanto, sofrem empuxo e sobem. A sobre-pressão é proveniente do aumento do volume dos gases aquecidos. Devido à sobre-pressão, a fumaça acumulada sai do compartimento por qualquer abertura, mesmo que seja baixa.

E a pressão negativa ocorre fazendo com que os locais de menor seção por onde passam os fluidos tenham menor pressão e uma maior velocidade. Por causa da pressão negativa, escadas e corredores sugam a fumaça proveniente do foco do incêndio.

A ventilação horizontal, que pode ser a abertura de uma janela ou porta, por exemplo, serve-se da sobre-pressão e da direção do vento para dispersar a fumaça. Deve ser feita com muito critério, pois envolve as áreas baixas do ambiente, portanto, qualquer problema poderá afetar o local de trabalho dos bombeiros.

 Figura 166 - Ventilação horizontal: saída de fumaça perto do fogo

Já a ventilação vertical serve-se do empuxo e da sobre-pressão, e pode também aproveitar a direção do vento e, eventualmente, a pressão negativa para, mesmo sem ventiladores, fazer a fumaça sair por abertura na parte mais alta do cômodo. O empuxo é o principal fator de movimento da ventilação vertical.

A ventilação, tanto horizontal quanto vertical, pode ser feita junto ao foco ou para longe do foco. No primeiro caso, a abertura serve para dispersar a fumaça a partir do foco, preferencialmente, por uma abertura acima do fogo, aproveitando ao máximo o empuxo. Essa  ventilação limita a propagação vertical do fogo, pois evita o acúmulo de fumaça dentro da edificação.

No segundo caso, fazem-se aberturas nas áreas não atingidas pelo fogo, enquanto se mantém o foco em confinamento, ou seja, fechado ou após a sua extinção.

Lançar água de fora para dentro da edificação, pela saída de fumaça, piora as condições no interior. A fumaça que deveria sair retorna à edificação, ameaçando bombeiros e vítimas. Além disso, a saída de fumaça é uma área de alta temperatura, sujeita à ocorrência de ignição de fumaça, portanto, contra-indicada ao posicionamento de bombeiros.

Pode-se aplicar jato neblinado, perpendicular à fumaça que sai da edificação, diminuindo sua inflamabilidade e a possibilidade de propagação do fogo para edificações vizinhas (Figura 167). Tal procedimento acelera o fluxo de saída da fumaça.

Figura 167 - Resfriamento perpendicular da fumaça reduz sua inflamabilidade e acelera sua saída


A ventilação, tanto horizontal quanto vertical, também pode ser feita de forma cruzada, ou seja, com uma abertura para entrada de ar e outra para saída de fumaça, aproveitando a direção do vento para aumentar o deslocamento.


Cuidados a serem adotados na ventilação natural:

No estabelecimento de viaturas, é melhor aproximar-se a favor do vento. Em alguns casos, o estabelecimento em local aparentemente mais difícil pode ser o melhor, se evitada a direção em que o vento lançaria a fumaça sobre o socorro.

Na abertura de portas e janelas, manter-se a favor do vento evita ser atingido pela fumaça liberada (Figura 168).

 Figura 168 - Aproximação deve ser feita a favor do vento

• A ventilação vertical é também muito útil para melhorar as condições para as vítimas, facilitando o escape em ambientes grandes: a abertura do teto propicia o escoamento da fumaça, melhorando a visibilidade, diminuindo a toxidade da atmosfera e a temperatura (Figura 169).

Figura 169 – Comportamento da fumaça em situações distintas: a primeira sem ventilação e a segunda com ventilação vertical

Na Figura 169, é possível observar duas situações bem distintas em uma mesma cena de incêndio. Na primeira, a fumaça acumulada no ambiente dificulta a orientação da vítima para a saída, além de submetê-la a um ambiente altamente tóxico. Na segunda cena, a abertura vertical permite o escoamento seguro da fumaça, aerando o ambiente para a vítima.

Como já foi dito no Módulo 1 deste manual, a fumaça é combustível. Portanto, qualquer saída deve direcioná-la para local onde a propagação do fogo seja menos danosa, tendo em vista a proteção dos bombeiros, das vítimas e das áreas não atingidas.

Existindo apenas uma abertura, o fogo busca liberar fumaça e obter oxigênio por meio dela. Se essa única entrada estiver atrás dos bombeiros, será um problema. Por isso, na técnica de passagem de porta, após abri-la, deve-se voltar a fechá-la (Figura ).

 Figura 195 - Manter a porta semi-fechada, evitando a propagação do fogo em direção à entrada dos bombeiros

A ventilação cruzada pode ser usada após o confinamento do fogo: fecha-se o compartimento em que está o foco e ventila-se o restante da estrutura. Procedendo o confinamento, ganha-se algum tempo para a retirada de vítimas, pois o desenvolvimento do fogo é retardado pela diminuição do oxigênio. Nesse caso, as duas aberturas são feitas longe do fogo. Não se pode fazer o isolamento do cômodo em que está o foco antes de avaliar a possibilidade de presença de vítima viável (ou seja, que pode ser salva).

Após a extinção de incêndio em edifício, fazer uma abertura no alto de uma escadaria libera a fumaça (Figura 170b), que de outro modo permaneceria nos andares intermediários (Figura 170a).

Figura 170 - A abertura no teto libera a fumaça após a extinção do fogo.

A ventilação cruzada pode ser feita com uma saída de fumaça próxima ao foco. O ar entra pelo mesmo local que os bombeiros, e a fumaça sai por outra abertura. Essa ventilação facilita muito o trabalho dos bombeiros e evita danos à propriedade, pois dirige a fumaça para adiante do jato, o qual é aplicado na direção do foco, para fora da edificação. Para que funcione melhor, a entrada dos bombeiros deve ser feita a favor do vento, e a saída de fumaça acima do foco.

Figura 171 - Ventilação vertical cruzada: o ar entra por baixo e a fumaça sai adiante do jato Fazendo abertura para ventilação

A ventilação horizontal possui a desvantagem de escoar a fumaça pelas áreas mais baixas do ambiente, onde ficam bombeiros e vítimas. A abertura de janelas é o modo mais comum de fazer essa ventilação.

 Figura 172 - Abertura para ventilação horizontal

Para a abertura vertical de saída da fumaça, a escada prolongável deve ser colocada de maneira segura; se possível deve ser amarrada. Não deve ficar sobre janelas, onde poderia ser atingida pela fumaça.

Também é preciso observar se não há fios ou outros obstáculos, estendendo a escada alguns palmos acima do telhado ou janela, para ter boa visibilidade.

No telhado, somente se deve caminhar apoiado em partes seguras, como platibandas. É útil também colocar sobre o telhado uma outra escada, evitando quedas. Na impossibilidade de abrir o telhado, pode-se abrir uma janela alta ou, em último caso, a parede.

 Figura 173 - Abertura para a ventilação vertical

Antes de fazer a abertura, deve-se ter pelo menos duas rotas de fuga, pois a fumaça pode sair de maneira violenta.


As aberturas fáceis são preferíveis.

A abertura deve ter tamanho adequado à estrutura. Para uma residência média, isso significa aproximadamente 1,2m x 1,2m; para edificações maiores, uma abertura de 3m x 3m.

É sempre melhor fazer uma abertura grande do que várias pequenas, pois o arraste da fumaça é maior.

Evita-se cortar estruturas de suporte do telhado.

Abre-se a partir da área sobre o fogo em direção à rota de fuga. Completa-se a abertura com cuidado, e o pessoal se retira rapidamente, pois a fumaça pode sair de forma violenta.

A abertura vertical feita a partir de uma plataforma mecânica oferece mais segurança, pois não é necessário se apoiar nem na parede nem no teto da edificação sinistrada.

Figura 200 - Ventilação vertical com auxílio da plataforma mecânica


Ventilação forçada

A ventilação forçada é sempre do tipo cruzada, e pode ser horizontal ou vertical, ou seja, exige duas aberturas, uma de entrada de ar e outra de saída de fumaça. O uso de aparelhos permite escolher a direção preferencial para dirigir a fumaça, mesmo que seja para baixo ou contra o vento. No entanto, sempre que possível, é melhor aproveitar a direção natural de deslocamento dos gases, para tornar a ventilação mais eficiente.

A ventilação forçada pode ser de pressão negativa, ventilação hidráulica ou ainda por pressão positiva.

A ventilação forçada por pressão negativa é feita por meio de exaustores. A ventilação forçada por arrastamento ou hidráulica é feita por meio de um jato neblinado para fora do ambiente. A ventilação por pressão positiva utiliza ventiladores.


Ventilação de pressão negativa

O exaustor trabalha retirando a fumaça do ambiente, conduzindo-a para fora por meio de um tubo chamado de “manga”. É colocado dentro do cômodo inundado de fumaça.


Suas desvantagens são:

Necessidade de estar conectado à alguma fonte de energia (geralmente elétrica).

Necessidade de limpeza após o uso – pois a fumaça passa por dentro dele.

Dificuldade em se criar uma pressão negativa em um cômodo incendiado, devido ao aumento do volume do ar, quando aquecido. Além disso, para retirar a fumaça, o exaustor deveria ser colocado na parte mais alta do ambiente, o que representa maior dificuldade.

Exaustores podem ser utilizados para retirar a fumaça fazendo-a passar por um ambiente que não pode ser desocupado, como uma Unidade de Tratamento Intensivo de um hospital, por exemplo. No entanto, por suas várias desvantagens, os exaustores têm caído em desuso no combate a incêndio.

 Figura 201 - Exaustor elétrico


Ventilação hidráulica por arrastamento

O jato neblinado, para fora do ambiente inundado de fumaça, funciona criando um arraste da fumaça. Se bem utilizado, pode ser até quatro vezes mais eficiente que os exaustores. Sua desvantagem é a grande quantidade de água utilizada.

A principal vantagem é estar disponível facilmente. Deve ser usado, preferencialmente, após a extinção, ou ao menos, depois de confinado o fogo, tendo-se o cuidado de resfriar a fumaça, pois o bombeiro precisa ficar no seu caminho de saída.

 Figura 202 - Ventilação por meio de jato neblinado


Para se obter uma ventilação forçada mais eficiente, por meio do jato neblinado, recomenda-se que:

• O ângulo de abertura do jato seja de 60 graus.

• O jato ocupe quase toda a área da abertura sem atingir a parede ao redor.

• O esguicho fique à distância de 0,5 metros da saída, no caso de janela, e de 1,5 a 2 metros, se for porta.


Ventilação de pressão positiva

A ventilação de pressão positiva é feita com ventiladores.

O princípio de funcionamento é a formação de um cone de ar, dirigido ao interior do ambiente, aumentando a pressão interna e produzindo uma vazão de saída. Como o próprio incêndio já aumenta o volume dos gases e, portanto a pressão interna, o ventilador aumenta-a um pouco mais, e assim produz o escoamento da fumaça.

 Figura 203 - Ventilação forçada de pressão positiva utilizando ventilador

A fumaça escoa pela saída mais fácil. Portanto, deve-se escolher a saída mais próxima da base do fogo. Se for necessário, conduzi-la por dentro da edificação, deve-se considerar que ela pode  propagar o fogo ou, simplesmente, sujar áreas não atingidas.

O uso do ventilador de pressão positiva em prédios com ar condicionado central pode espalhar a fumaça pelo sistema.

Se for possível, o sistema de ar condicionado deve ser controlado e utilizado para os objetivos táticos do combate a incêndio (exaustão da fumaça, pressurização dos ambientes não atingidos).

Se não for possível controlá-lo de forma satisfatória, deve-se desligá-lo. Outros sistemas do prédio podem ser utilizados também. Em um certo incêndio em prédio alto, a fumaça estava espalhada por vários andares. Enquanto se fazia a busca do foco da forma convencional, ou  seja, começando do andar mais baixo envolvido e subindo para os mais altos, um bombeiro foi encarregado de assistir a filmagem do sistema de segurança, o que permitiu localizar mais rapidamente o foco.

Nem todo o ar lançado pelo ventilador é aproveitado para ventilação. Só 25% do volume introduzido num apartamento sai pelo local designado. O restante escapa por frestas e portas mal vedadas ou perde-se logo no cone.

Em um teste realizado num apartamento duplex de 840 m3 (dois pavimentos de 20 x 7 m e pé direito de 3 m), utilizando um ventilador capaz de proporcionar 500 m3 de ar/min, a ventilação efetiva foi de 125m3/min. No entanto, a ventilação se dá por diluição e não por substituição. Portanto, a estimativa de tempo para que um prédio de 840m3 chegue a ter 30% da fumaça que tinha originalmente, é de uns 10 minutos.

A ventilação pode ser otimizada isolando-se as áreas não envolvidas. Numa residência em que se deseja ventilar a cozinha e a sala, a ventilação fica mais eficiente se forem fechados os quartos não atingidos.

Existem ventiladores elétricos, de motor a combustão e  movidos a água. Esses últimos operam, geralmente, com pressão  mínima entre 9 e 17 bar, conforme o modelo.

 Figura 204 - Ventiladores de motor a explosão

 Figura 205 - Ventilador de pressão positiva do CBMDF


A escolha de um ventilador deve privilegiar aquele que ofereça maior fluxo, mais resistência, seja portátil e que caiba nas viaturas em uso.
  
As características do ventilador atualmente utilizado pelo CBMDF são:

• É movido à água, por meio de duas mangueiras, uma que envia água do corpo de bombas ao ventilador e outra que a retorna para o tanque.

• Em decorrência da dependência de mangueiras para o funcionamento, a distância será limitada conforme a disponibilidade destas no socorro.

• Requer uma pressão na bomba entre 9 e 15 bar. Abaixo disso, a ventilação será ineficiente.

• Algumas viaturas apresentaram problemas quanto à entrada de ar no retorno da água para a bomba. Para resolver esse problema é preciso criar uma coluna d’água em ambas as mangueiras antes de acionar o ventilador, ou fazer com que o retorno da água se faça por cima do tanque. A técnica explicada adiante mostra como fazer a coluna d’água.

• Apresenta a opção de uso de jato neblinado, que pode sair junto com o ar. Este jato pode ou não ser utilizado no ambiente, conforme a tática adotada. É imprescindível que se tenha sempre em mente o cuidado de não lançar para dentro do ambiente água em demasia ou que venha a agravar o quadro de destruição do local, principalmente, quanto a móveis e equipamentos. Basta abrir o registro que fica na parte posterior do ventilador para utilizar o jato neblinado.


A seqüência de estabelecimento do ventilador será:

1. Conecte uma mangueira de 2½" na boca de expulsão da viatura.

 Figura 206 - Conexão da mangueira na viatura

2. Conecte a outra extremidade na boca de admissão do ventilador.

 Figura 207 - Conexão da mangueira no ventilador

3. Conecte outra mangueira na boca de expulsão do ventilador e levar a outra extremidade até a viatura.

 Figura 208 - Conexão da mangueira de retorno da água no ventilador

4. Libere um pouco de água pela expulsão da viatura, até que saia pela extremidade livre (ou seja, até que a água saia da viatura, passe pelo ventilador e volte). Esse procedimento evita a introdução de ar na bomba de água.


5. Conecte a mangueira na boca de admissão da viatura ou no respiro.

 Figura 209 - Conexão da mangueira de retorno da água na viatura


Depois do estabelecimento, a seqüência do uso do ventilador será:

1. Posicione-o a uma distância equivalente à altura da porta, de mais ou menos dois metros. Retire cortinas para aumentar a eficiência da ventilação. Incline o ventilador ligeiramente para cima, para formar um cone ao redor da porta.

 Figura 210 - Posicionamento do ventilador a 2 m da porta, ligeiramente inclinado para cima


2. Faça a abertura da saída da fumaça. Essa abertura pode ter até duas vezes o tamanho da entrada de ar, de preferência, em um ponto mais alto da edificação, observando-se os mesmos cuidados recomendados para a ventilação natural (direção do vento, direção em que se pretende encaminhar a fumaça). Deve estar o mais próximo possível do fogo para evitar que as chamas ou a fumaça quente atinjam materiais ainda não ignificados ou às vítimas. Se não houver uma rota de fuga para a fumaça, os bombeiros poderão sofrer sérias queimaduras pelo retorno da fumaça.

A saída de fumaça pode ter até duas vezes o tamanho da entrada de ar.


3. Abra a porta.

4. Acione o ventilador, observando na porta se toda ela está envolta no cone de ar enviado pelo ventilador. Utiliza-se para isso algum artifício, como um pedaço de plástico preso a um croque, por exemplo. Ajuste a posição do ventilador se necessário, pois o cone de ar deve cobrir toda a abertura da porta. Se parte da porta não for coberta pelo cone de ar, a fumaça sairá por esse espaço.

 Figura 211 - Abrir o registro para utilizar o ventilador


5. Entre pela abertura coberta pelo cone de ar, a qual será a entrada para os bombeiros.

6. Na Figura e na Figura , é possível observar a saída de fumaça pela porta oposta à entrada dos bombeiros (seta vermelha).

 Figura 212 - Entrada pelo cone formado pelo ventilador

 Figura 213 - Posicionamento do bombeiro ao lado da porta para não alterar o fluxo de ar do ventilador.

Em testes realizados num apartamento de 3 quartos observou-se que:

• Houve um aumento de 40% na velocidade da combustão, por isso a necessidade de que as ações com o ventilador sejam bem coordenadas com as demais atividades envolvidas no combate a incêndio. Depois de ventilar-se um incêndio, o foco deve ser extinto o mais rápido possível, para evitar o agravamento da situação.

• Como esperado, houve um aumento de temperatura na abertura de saída da fumaça e um resfriamento na abertura de entrada.

• Houve uma melhora significativa das condições de trabalho e de segurança para os bombeiros.

• Haveria um possível risco à vida das vítimas, se elas estivessem na rota de fuga da fumaça (ou seja, na direção da abertura feita para a saída da fumaça).


Arranjos de ventiladores

Colocar ventiladores em paralelo é útil, quando a abertura for grande demais para ser totalmente coberta pelo cone de ar de um só ventilador. Os ventiladores podem ser estabelecidos um ao lado do outro, para portas largas, ou um em cima do outro, para portas altas.

Todos os cuidados anteriormente relatados devem ser tomados. Esse arranjo praticamente dobra a vazão que seria obtida com um só ventilador.

Figura 214 - Ventiladores em paralelo permitem cobrir porta larga


Problemas com o uso de ventiladores.

Para se evitar problemas com o uso do ventilador é necessário:

Informar a todos os bombeiros que o sistema está sendo utilizado ou modificado (mudado de posição, desligado, etc.), a fim de que eles fiquem atentos o tempo todo, evitando a abertura de portas para ambientes que não foram ainda explorados.

Abertura de portas onde houver um foco oculto pode produzir um backdraft.

Utilizar ventiladores de capacidade adequada ao tamanho da edificação. Se o sistema não estiver funcionando adequadamente, as condições no interior do ambiente serão agravadas, pois o oxigênio extra alimentará o fogo; se a vazão for insuficiente, a fumaça não será expulsa.

Salvo indicação do fabricante, os ventiladores são adequados para uso em edificações de pequeno a médio porte.

No caso de edificações com vários cômodos ou andares, ventilar um ambiente por vez, começando pelo mais baixo. Se possível, a saída da fumaça deve ser feita de cada ambiente para fora, evitando empurrar a fumaça por outros ambientes. Cada ambiente de onde a fumaça já tiver sido escoada deve ser fechado, para que a fumaça não torne a inundá-lo.

O revolvimento de material com brasas ocultas, durante a operação do ventilador, deve ser feito apenas depois de dissipada a fumaça e tendo mangueira pressurizada a postos, pois pode acontecer um aumento súbito da combustão.


Propagação da fumaça por um teto falso

A Figura mostra a ação incorreta dos bombeiros ao estabelecerem uma ventilação forçada para escoar a fumaça do ambiente, empurrando-a pelo forro até atingir outro cômodo, levando material combustível aquecido (fumaça) para um ambiente originalmente não atingido pelo incêndio.


Incorporando o uso de ventiladores ao combate a incêndio

Como se vê, o uso de ventiladores é bastante útil, mas requer cuidado. Um modo que tem funcionado em diversos Corpos de Bombeiros do mundo, para implementação segura, é a implantação em três fases:

1. Usa-se o ventilador, inicialmente, em incêndios extintos, para retirar a fumaça. Esse é o primeiro passo para que todos se conscientizem do modo de funcionamento do ventilador, da necessidade de fazer a abertura de saída da fumaça, do tempo para colocá-lo no local, do modo correto de colocar as mangueiras no aparelho, da pressão necessária para uma boa vazão, da velocidade de saída da fumaça, etc.

2. Quando os bombeiros já dominarem a técnica anterior, o passo seguinte é usá-lo no rescaldo de incêndios já controlados, mas antes da extinção completa, complementando o combate a incêndio já iniciado.

3. Por fim, somente após muita experiência, utilizá-lo no incêndio ativo, como instrumento de combate.


Ter o ventilador em todo socorro de incêndio facilita a implantação, pois permite utilizá-lo em situações cotidianas, para alcançar-se a prática necessária para usá-lo em incêndios ativos, ou seja, antes e durante o ataque.


Para utilizar ventilador durante incêndio ativo, é preciso que:

A guarnição tenha experiência em ventilação de incêndios controlados.

Os bombeiros posicionem-se ao lado da porta, prontos para o ataque, antes da abertura.

Somente 20 segundos depois de iniciada a ventilação pela porta, é que entra a guarnição de combate a incêndio e a de busca (se necessário).


Não utilizar ventilador com o incêndio ativo:

Se houver sinais de risco de backdraft.

Se houver muita poeira ou materiais passíveis de ficarem em suspensão por causa da ventilação, diminuindo a visibilidade.

Se a localização do fogo ainda não foi descoberta.

Se os locais que podem ser incendiados pela fumaça liberada ainda não estão protegidos por linha de mangueira.

Quando se perceber que o fogo está propagando-se além do compartimento de origem.

Quando a compartimentação do imóvel não é própria para a criação de um caminho livre, da entrada até a saída de ar.

Fazer ventilação forçada, sem o preparo adequado, pode resultar em fatalidades.

É necessário, após o incêndio, fazer a avaliação do sistema com todas as guarnições envolvidas, a fim de observar se em algum momento houve risco maior aos bombeiros ou às vítimas, as vantagens e desvantagens do ventilador, para que a experiência seja bem aproveitada, servindo ao aprimoramento dos profissionais.


Resumo das ações e efeitos da ventilação

A ventilação é utilizada de maneiras totalmente distintas, de acordo com o objetivo do ataque definido pela tática.  


Resumem-se em 10 itens as ações e os efeitos esperados.



Integrando técnicas de abertura, ventilação e ataques ao fogo

Depois de aprendidas, as técnicas podem ser combinadas para o combate mais eficiente. Abaixo estão algumas combinações possíveis, que não esgotam as possibilidades dos incêndios reais, mas são apresentadas a título de exemplo:


Incêndio em residência com vítimas presas e o imóvel já fora arrombado. Por exemplo:

1. Confinamento do foco.

2. Ventilação longe do foco e busca primária.

3. Ventilação vertical e abertura da porta do cômodo do foco.

4. Ataque tridimensional na fumaça e ataque direto no foco.

5. Ventilação forçada por ventilador.


Incêndio em residência desocupada, em fase inicial:

1. Abertura da residência.

2. Fechamento das portas para as áreas não envolvidas.

3. Ataque tridimensional na fumaça e ataque direto no foco.


Incêndio em comércio fechado e desocupado:

1. Abertura.

2. Ataque indireto; após a aplicação, fecham-se as portas para aguardar o efeito.

3. Ventilação sobre o foco.

4. Ataque direto no foco, de dentro ou de fora da edificação, conforme as condições.


Incêndio estrutural generalizado

1. Ataque direto, dirigido à estrutura atingida e proteção das edificações expostas.

2. Ventilação sobre os focos.

3. Rescaldo com ataque direto sobre o(s) foco(s).




7 comentários:

  1. relembrei o curso do texas e alguns simulados no aeroporto de congonhas. Sou BC mestre
    muito bom.. o material. Adorei...

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    1. Boa noite Divino...
      Obrigado pela visita, há muito mais à explorar, fique à vontade...
      Abraços...

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  2. Bom dia Oswaldo, parabéns pelas informações. Sou instrutor ASHI e BC. Qual é o seu email? tks

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  3. Muito bom o artigo! Parabéns !
    Cesar Machado
    www.conect.online

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    1. Bom dia Cesar...
      Obrigadão pelo elogio e visita. Boas Festas à Você e à sua Família...

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  4. Excelente material Oswaldo, muito rico e detalhado Parabéns Bravo!!

    Prado , BC Líder

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