06 outubro 2012

Técnica de Progressão e deslocamento do bombeiro no incêndio ( dois, três e quatro pontos ) - Avançar - Recuar - Joelhos no chão - Técnicas e posições de proteção


Progressão do bombeiro no incêndio

O deslocamento dos bombeiros em um incêndio acontece desde o local onde foi armada a linha de mangueira de ataque, passando pela entrada da estrutura até o local de onde podem atacar o fogo.

A progressão deve ser iniciada quando se acessa o ambiente sinistrado. No caso de uma edificação térrea ou com subsolo, o deslocamento deve começar no térreo ou no acesso ao logradouro público. No caso de uma edificação com pavimentos, o ponto de partida deve ficar no andar abaixo do incêndio, ou conforme a determinação do chefe de guarnição.


Estes deslocamentos podem ser realizados de 03 formas:

1- Técnica de dois pontos;

2- Técnica de três pontos;

3- Técnica de quatro pontos.


Técnica de dois pontos (de pé):

Quando o incêndio ocorrer em local aberto, que não ofereça risco ocasionado pela fumaça, a dupla de bombeiros deverá executar a progressão de pé.

 Figura 164 - Progressão em dois pontos


Avançar:

Após a armação da linha de mangueira a dupla de bombeiros toma posição de combate como citado no capitulo 4, deste módulo e avançam caminhando normalmente, podendo o ajudante se direcionar para o seio da mangueira para retirar dobras ou desvencilhar a mangueira de algum obstáculo. O chefe, ao sentir que a mangueira está livre, poderá avançar sozinho ou aguardar a presença do seu ajudante para que possam avançar e realizar o combate juntos.


Recuar:

 Figura 165 – Recuar em dois pontos

Enquanto o chefe de linha toma posição junto ao esguicho, o ajudante pega o seio da mangueira, puxando-a na direção oposta ao foco de incêndio. Depois toma posição de combate junto ao chefe de linha.


Técnica de três pontos (um joelho no chão):

Quando o incêndio ocorrer em um local com escadas ou escombros, com terreno desnivelado ou com confinamento de fumaça, a dupla de bombeiros deverá realizar o deslocamento em três pontos.

 Figura 166 - Progressão em três pontos


Avançar:

Após se deparar com um ambiente como o descrito anteriormente, a dupla de bombeiros toma posição de combate com um dos joelhos no chão, com o chefe de linha e o ajudante em lados opostos da mangueira, e avança tateando o chão com o pé e apoiando o seu peso na perna que estiver com o joelho no chão. O ajudante poderá se direcionar para o seio da mangueira para retirar dobras ou desvencilhá-la de algum obstáculo. O chefe aguarda a presença do seu ajudante, para deslocarem-se juntos.


Recuar:

O recuo acontece de forma inversa, o joelho que está apoiado no chão vai para trás e o pé que está à frente do corpo vem em seguida.

Enquanto o chefe de linha segura o esguicho, o ajudante se dirige para o seio da mangueira, não se afastando muito do seu companheiro, puxando-a na direção da saída. Depois toma posição de combate junto ao chefe de linha.

 Figura 167 - Recuar em três pontos


Técnica de quatro pontos (dois joelhos no chão);

Quando o incêndio ocorrer em um local com terreno nivelado, com risco de comportamento extremo da combustão; ou quando precisar realizar a passagem por uma porta, ou entrar em qualquer ambiente de risco desconhecido, a dupla de bombeiros progride com os dois joelhos no chão.

O chefe e o ajudante de linha ficam em lados opostos da mangueira. Como na técnica de três pontos, este posicionamento permite uma maior estabilidade da mangueira, deixa espaço para que o ajudante assuma o esguicho, se necessário, aumenta o campo de visão da dupla no local do incêndio e dá maior segurança, já que, próximo ao solo, a temperatura é mais baixa e a visibilidade geralmente é melhor.

 Figura 168 - Progressão em quatro pontos


Avançar:

O deslocamento é realizado com os dois joelhos no chão, alternando os joelhos ao deslocar. Quando parar para aplicar jatos d’água, o bombeiro deve se sentar sobre os próprios calcanhares (esta posição proporciona maior estabilidade para a observação do ambiente).

O ajudante poderá se direcionar para o seio da mangueira para retirar dobras ou desvencilhar a mangueira de algum obstáculo. O chefe aguarda a presença do seu ajudante, para deslocarem-se juntos.


Recuar:

O recuo acontece de forma inversa. Enquanto o chefe de linha segura o esguicho, o ajudante se dirige para o seio da mangueira, não se afastando muito do seu companheiro, puxando-a na direção da saída. Depois toma posição de combate junto ao chefe de linha.

Figura 169 - Recuo em quatro pontos

Durante a progressão em um ambiente sinistrado, a dupla de bombeiros deverá observar as seguintes prescrições:

• Estar atento para quaisquer sinais de comportamento extremo do fogo, objetos pirolisando, presença de possíveis vítimas, aberturas que podem afetar o comportamento do fogo, aumento repentino de temperatura, chamas vindas por trás da dupla de bombeiros, sinais de desabamentos, etc.

• Se for necessário chamar a atenção do outro bombeiro deve-se fazê-lo batendo no cilindro ou capacete, sem tocar nas roupas de aproximação, pois a compressão dos tecidos da roupa interrompe as camadas de ar e pode produzir queimadura na pele do Bombeiro.

 Figura 170 – Ajudante chamando a atenção do chefe sem tocar a roupa

• Se encontrar uma vítima, o ajudante realiza o resgate, enquanto o chefe, do lado oposto, vai fazendo a proteção com a linha pressurizada. Neste caso a dupla de bombeiros recua até a entrada do ambiente, onde entregarão a vítima para outros componentes da guarnição. Neste recuo, ao passar próximo ao seio da mangueira o ajudante deverá puxá-lo com uma das mãos, repetindo este procedimento quando achar necessário.

• Fechar as portas dos ambientes para manter a integridade dos mesmos e evitar a propagação do incêndio.

• Se encontrar objetos ou portas pirolisando deve-se aplicar o jato mole, com a finalidade de evitar a propagação do incêndio em pontos isolados do ambiente e manter a integridade dos mesmos.

• Realizar o teste de teto durante a progressão para checar a temperatura do ambiente, quando não houver chamas na fumaça.

O teste pode ser repetido a cada dois metros, em média, se houver dúvida quanto à segurança para a progressão. Se não for seguro progredir, a dupla deve realizar o ataque com o uso do jato atomizado até a estabilização do ambiente, para que possam avançar e chegar com segurança até o foco principal do incêndio.

Havendo chamas na camada de fumaça, a dupla de bombeiros deve realizar o ataque com jato atomizado. Para fazer este procedimento o chefe de linha para, ataca as chamas e observa o efeito do jato. Aplica mais um ou dois pulsos, nunca no mesmo local, e se houver o resfriamento desejado, continua-se a progressão.

Se os bombeiros verificarem que não foi possível diminuir a temperatura, permanecem lançando água até que o ambiente esteja seguro para continuar o deslocamento.

A dupla de bombeiros não deve utilizar água em excesso para não fazer muito vapor e causar um desequilíbrio térmico.

O chefe de linha deve permanecer com a mão sobre a alavanca, para estar sempre pronto em caso de reaparecimento das chamas, não esquecendo de refazer o teste de teto e, se necessário, o ataque à fumaça, até chegar ao local que consiga atacar a base do fogo.

Se os bombeiros perceberem risco iminente de fenômeno extremo, a dupla de ataque deve recuar rapidamente, sempre de joelhos e aplicando pulsos de jato atomizado. Se não houver tempo para sair do ambiente com segurança realizar a posição ou técnica de proteção.


Técnica de proteção

Durante a progressão, a dupla de ataque deve estar atenta a imprevistos relacionados com quebra de vidraças de janelas e portas ou a aberturas destas, ocasionadas pela ação do calor ou mesmo por uma ação mal planejada da equipe de socorro.

Esta abertura indesejada ocasionará entrada de ar no ambiente  e, como consequência, poderá ocorrer um súbito aumento de temperatura. Nesta situação, os bombeiros iniciam o recuo em direção a saída aplicando pulsos de jato atomizado para resfriar a fumaça. Caso a situação piore e a radiação de calor torne impossível a fuga, os bombeiros devem colocar-se na posição de proteção até que a situação melhore.

Na posição de proteção, os bombeiros, sem abandonar a linha  de mangueira e sem fechar o esguicho, se lançam ao chão paralelamente, ou seja, um ao lado do outro e de frente, mantendo a linha de mangueira entre a dupla.

 Figura 171 - Posição de proteção (sem água para melhor visualização)

O chefe de linha, auxiliado pelo ajudante, segura o esguicho na altura do peito e direciona o jato para o teto. Em primeiro lugar aumenta o máximo a amplitude do jato e depois aumenta a vazão, também para o máximo.

A dupla permanece deitada lateralmente, um corpo próximo ao outro e de frente, mas com o rosto voltado para o solo, até que a  situação esteja controlada e seja possível a saída segura do local.

Figura 172 - posição de proteção




4 comentários:

  1. Bom dia. Muito bom o post.

    Sou bombeiros de Goiás, gostaria de saber onde consigo mais material sobre esse assuntos.

    Obrigado.

    Weslei Ferreira

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  2. Boa Tarde...

    Escreva CABO GUIA no item PESQUISA deste blogger (no lado direito), e verá diversas postagens relacionadas ao assunto, pois o cabo Guia ou cabo da vida é muito útil na progressão de combate em espaço confinado tomado pelo fogo.

    Abraços Weslei e bom trabalho...

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  3. Excelente conteúdo, obrigado pela partilha.

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