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08 outubro 2012

Tática de combate a incêndio - Níveis operacionais do combate a incêndio – Nível Preparação, Tático e Técnico - Tipos de ataque ao fogo ( direto, indireto, combinado ou misto, frontal, envolvente ou ataque de penetração e perfuração ), Ofensivo ou Defensivo


A tática de combate a incêndio

Etimologicamente, a palavra tática vem do termo grego “tak tike” que significa a arte de guerrear, ou seja, de dispor e orientar tropas com emprego de materiais em terrenos e condições favoráveis à obtenção de êxito no combate. É a parte da arte da guerra que trata da disposição e manobra das forças durante o combate ou na iminência dele.

Como visto no Módulo 1, incêndio é o fogo que foge ao controle do homem, queimando tudo aquilo que a ele não é destinado queimar, capaz de produzir danos ao patrimônio e à vida por ação das chamas, calor e fumaça. Fogo, também conhecido como combustão, é a reação química que se processa entre uma substância combustível (ao sofrer um aquecimento) e o ar, produzindo luz e calor em uma forma de reação sustentável.

Na tática de combate a incêndios, os recursos que se dispõem são os diversos equipamentos e viaturas que compõem o CBMDF, tendo como inimigo o fogo. O campo de batalha é o próprio local do incêndio, com a diferença marcante de que os bombeiros precisam sempre sair vencedores.


Portanto, há uma grande analogia entre a tática de guerra e a tática de combate a incêndios. Pode-se dizer que as táticas de guerra são basicamente de dois tipos:

1. as que envolvem períodos de luta com pouca intensidade e que se caracterizam pelo emprego mínimo do poder de fogo. Nessas operações, são comuns as ações de: aproximação, tomada de contato, engajamento, perseguição e defesa em larga frente.


2. as que envolvem períodos de lutas intensas, com o emprego máximo de poder de fogo. Nessas operações, as ações são de ataque e defesa em frente normal.


Sempre que determinada força de combate entrar em luta deve empregar, em suas operações, um dispositivo previamente organizado e tecnicamente preparado. Esse dispositivo é constituído por homens, máquinas e materiais, de forma simples, complexa ou variada (no que se refere à constituição, às manobras ou ao manejo), sendo lançado ao combate, obedecendo a planos cuidadosamente estudados.

O emprego adequado, no menor tempo possível, de todos os meios de que se dispõem, de modo a se obter toda a eficiência desejada, constitui o plano tático de combate, isto é, a tática a ser aplicada na luta que será desenvolvida.

A tática de combate a incêndio só é empregada com êxito quando os bombeiros dominam suficientemente as técnicas de extinção, o emprego do agente extintor adequado e o conhecimento de todo o material e equipamento de bombeiro, usando-os sempre de maneira correta e eficiente.


A tática de combate a incêndios é a orientação a ser seguida para uma ação em conjunto das guarnições de bombeiros, dispostos em um incêndio. Para êxito, essa ação depende dos seguintes fatores:

rápida e correta solicitação do socorro;

recepção e repasse precisos do aviso aos bombeiros que irão combatê-lo;

regularidade no deslocamento do socorro para o atendimento da solicitação;

tempo decorrido entre o início do incêndio e o início dos trabalhos de extinção (ataque);

potência dos elementos de combate;

adestramento e capacidade pessoal da equipe de socorro (psicológica, física e técnica), incluindo o valor moral e experiências em combates a incêndios;

Figura 3 - O treinamento dos bombeiros é essencial para o sucesso do combate a incêndio

emprego eficiente dos dispositivos utilizados, pelo cumprimento da orientação recebida e pela disciplina de ação (por meio de procedimentos padronizados);

utilização de um comando unificado, gerenciando os recursos humanos e materiais de forma organizada.


Níveis operacionais do combate a incêndio

Não existem livros ou instruções que possam ensinar as regras ou maneiras exatas para se dominar um determinado incêndio. Contudo, existem certas práticas que, quando seguidas, aumentam as possibilidades de êxito no combate ao fogo.

Como dito anteriormente, o combate ao incêndio pode ser comparado a uma batalha em que se enfrenta um inimigo: o incêndio. Nessa batalha, assim como em toda operação de combate, existem três níveis de operação que devem ser especialmente considerados em qualquer tática de combate a incêndio. São eles:

nível de preparação;

nível tático;

nível técnico.


Preparação

A preparação compreende, segundo seu próprio nome, o cuidado com o campo de batalha onde se dará o combate ao incêndio. Isolamento do local, definição sobre onde as viaturas serão posicionadas, estabelecimento de uma rota eficiente para trânsito de viaturas de emergência médica (para a saída rápida com as vítimas) e de água (para o abastecimento) e a solicitação de reforços, dentre outras, são ações que preparam o local para o combate.


Entretanto, as ações para a preparação das guarnições devem ser iniciadas antes dos incêndios, de forma preventiva, ainda no quartel, tais como:

treinamento constante de todas as guarnições dentro de suas respectivas funções - equipes bem treinadas devem praticar suas ações de forma constante e gradual, elevando o nível de conhecimento técnico e tático.

A eficiência na cena do incêndio está diretamente ligada à eficiência nos treinamentos. Por melhor que tenham sido formadas, as guarnições necessitam de treinamento constante, com a correção dos procedimentos que tenham sido executados erroneamente ou modificados tecnicamente ao longo do tempo. Em treinamentos e instruções, os meios de combate devem ser oferecidos aos bombeiros de forma mais próxima possível da realidade encontrada nas operações de combate a incêndios.

Bombeiros devem estar permanentemente treinados dentro de todas as técnicas existentes. O comandante de socorro e os chefes de guarnição determinam quais técnicas são utilizadas e quando.

estudo dos incêndios anteriores, envolvendo todos os bombeiros que estiveram na cena do incêndio - pode ser feito um debriefing, ou seja, uma comparação entre o que foi planejado (briefing) e a execução. Essa ação deve ser realizada logo após o combate. Um princípio de incêndio, por menor que seja, possui condições de oferecer dados importantes sobre os aspectos positivos e negativos da atuação dos bombeiros. A evolução da preparação dos bombeiros depende da correção dos problemas e superação das dificuldades encontradas em cada avaliação.

conhecimento, por parte dos bombeiros, das características prediais da sua respectiva área de atuação - os bombeiros devem conhecer, no mínimo, as edificações de maior risco existentes em sua área de atuação, realizar treinamentos nelas com simulados e simulacros e acompanhar, desde o planejamento até a execução, os planos de retirada de vítimas específicos para cada edificação. A população pode e deve ter uma participação ativa em ações de prevenção coordenadas pelos bombeiros, a fim de que, na ocorrência de um sinistro, o pânico e os danos sejam os menores possíveis.


Nível tático

O nível tático inicia com a preparação e termina com a execução das ações definidas, as quais para serem adequadas, faz-se necessário considerar os seguintes fatores:

em qualquer situação a enfrentar, deve-se estabelecer um terreno seguro e os meios suficientes para atacar o inimigo em seus pontos fracos.

para o êxito no combate, é necessário conhecer as armas inimigas, que, nesse caso, representam as potencialidades do fogo e do calor. São fatores que contribuem para o desenvolvimento do incêndio e, por conseqüência, se contrapõem à ação dos bombeiros, os quais devem ser considerados:

a) o tempo decorrido entre o início do incêndio e o começo do combate quanto maior o espaço de tempo, mais o incêndio desenvolver-se-á. Os bombeiros precisam, então, agir com rapidez e bom adestramento. Somente dessa maneira, será possível reduzir o tempo necessário para o estabelecimento do dispositivo de ataque ao incêndio.

b) o campo de propagação do incêndio — o local onde ocorre o sinistro é um importante fator, uma vez que o incêndio pode ser dificultado por medidas anteriores à preparação, as quais nem sempre são influenciadas pelos bombeiros, tais como: construções resistentes às chamas, existência de compartimentação (paredes e portas), limitação e devida distribuição da carga de incêndio, isolamento dos materiais perigosos, condições do tempo, etc.


Após a análise dos fatores que favorecem o incêndio, pode-se afirmar que o sucesso do combate ao fogo dependerá principalmente:

1. da eficiência do adestramento dos bombeiros, sejam eles de brigada de incêndios ou componentes institucionais de combate ao fogo (militares do CBMDF);

2. do equipamento adequado disponível;

3. das reservas de água ou outros agentes extintores necessários ao combate;

4. das condições atmosféricas.


Nível técnico

O nível técnico se refere às formas de combater o incêndio, sendo aqui abordados somente os tipos de ataque ao incêndio. As ações seqüenciais de utilização dos equipamentos de combate a incêndio, bem como as técnicas de combate a incêndio, são assuntos tratados no Módulo 3 do presente manual.

O ataque ao incêndio constitui a ação efetiva de anteposição dos bombeiros ao sinistro, paralelamente a outras ações de apoio, essenciais à operação, tais como ventilação, iluminação, etc.

Chama-se de ataque ao incêndio as ações que visam extinguir as chamas (luz e calor), interrompendo todo o processo de combustão. A natureza, a concentração e a disposição do combustível no local do incêndio orientam a adequação dos recursos para o combate (tipo, quantidade e método de aplicação dos agentes extintores) e a escolha do tipo de ataque. Dentro desta adequação, os objetivos táticos de ataque devem ser realistas, evitando-se sempre empregar recursos volumosos ou insuficientes em metas impossíveis de serem alcançadas no momento.


A escolha do tipo de ataque depende basicamente:

1. da localização e intensidade do foco do incêndio (existência de chamas);

2. da existência ou não de vítimas;

3. da segurança estrutural da edificação;

4. da adequação e suficiência dos recursos de combate;

5. do movimento da corrente de ar (vento, sistemas de ventilação forçada, etc.);

6. das vias de acesso (número, localização e espaço físico);

7. do risco de explosão;

8. da concentração e propagação de calor e fumaça no ambiente;

9. de outros elementos, como: presença de produtos perigosos ou radioativos, vítimas portadoras de necessidades especiais, etc.


Os fatores devem ser paulatinamente avaliados durante o combate, uma vez que pode haver a necessidade de adoção de outro tipo de ataque em decorrência da mudança de comportamento do incêndio. Os tipos de ataque ao fogo são:

ataque direto;

ataque indireto;

ataque combinado ou misto;

ataque frontal;

ataque envolvente;

ataque de penetração e perfuração.


Ataque direto
É o tipo de ataque em que os bombeiros têm acesso aos combustíveis que estão queimando, o que possibilita dirigir os jatos de água à base do fogo. É o tipo de ataque mais objetivo, facilitado pela proximidade do operador de linha de mangueira ao combustível incendiado, ainda que este seja a fumaça em combustão.

Pode ser feito de modo ofensivo ou defensivo.

O modo ofensivo é utilizado em ambientes que permitem a permanência dos bombeiros em seu interior, pela temperatura ambiente. Os bombeiros adentram utilizando o jato adequado e avançam no ambiente até que todas as chamas sejam extintas.

O modo defensivo é feito do lado externo do ambiente, por apresentar, em seu interior, uma temperatura acima da qual os bombeiros podem suportar, ou, ainda, quando há risco de um comportamento extremo do fogo. Nesse caso, os bombeiros injetam água no interior do ambiente, a partir da porta. A mudança para um modo ofensivo ocorre quando há a estabilização do ambiente, ou seja, quando as condições permitem que os bombeiros avancem em segurança.


Ataque indireto
É o método utilizado em locais fechados, onde a temperatura é extremamente alta e existe elevada produção de gases tóxicos, com grandes riscos de explosões.

Nele, os bombeiros não têm acesso ao interior, injetando água no interior do ambiente e mantendo-o fechado, a fim de que a água se transforme em vapor d’água e debele o incêndio por abafamento — o vapor d’água ocupa o espaço do comburente e interrompe a combustão.

Podem ser utilizadas janelas, pequenas aberturas feitas em paredes ou pequenas aberturas de porta para a introdução dos esguichos. Vapores de água formados nas partes altas tendem a formar um lençol, descendo para as partes mais baixas, cobrindo os combustíveis homogeneamente, em uma ação resfriadora e abafante.

Vale lembrar que tal tipo de ataque não deve ser realizado se houver risco a vítimas com vida no interior da edificação, pois não resistiriam à ausência de oxigênio respirável.

Vapores de água e fumaça tendem a abandonar o interior da edificação, principalmente por aberturas superiores, devido ao aumento do volume interno em decorrência da vaporização da água. Desse modo, há substituição da fumaça e do ar do ambiente pelo vapor d’água.


Ataque combinado ou misto
É a utilização de ambos os ataques para debelar totalmente o incêndio. A continuação do ataque indireto permitirá, com o decréscimo da concentração de calor, o acesso de linhas de ataque para o interior da edificação, superpondo ao ataque indireto a objetividade do ataque direto aos focos de incêndio persistentes.


Ataque frontal
É o tipo de ataque que combate o incêndio por uma única frente ou lado.


Ataque envolvente
É o ataque realizado em todas as frentes ou lados do ambiente, ou seja, quando todas as frentes de um incêndio estão sob a ação dos bombeiros, inclusive sua parte superior.

Para o ataque envolvente, deve-se destinar cuidado especial ao caminhar sobre telhados e coberturas, em face da possibilidade de quedas. O deslocamento deve ocorrer sobre pontos firmes (linha de parafusamento da estrutura metálica, junção de telhas, etc.) ou em casos duvidosos, sobre escadas de bombeiros ou meios de fortuna (pranchas de madeira, portas, etc.), formando uma espécie de “ponte” sobre tais coberturas. Nesse caso, o bombeiro deve caminhar sempre sobre a escada, a qual deve ser colocada de forma perpendicular ou transversal ao sentido longitudinal da cobertura (telhado). Pode ser usada também a plataforma mecânica para esse tipo de acesso.

Qualquer que seja o meio utilizado, deve-se ter sempre em mente que a ação só deve ser realizada em condições de segurança para a guarnição. A queda do bombeiro de um telhado, além do risco de trauma, pode expor sua vida às chamas e ao calor provenientes do interior do ambiente sinistrado e o seu resgate pode demandar tempo.

Meios de fortuna são elementos estruturais e/ou materiais encontrados no local do incêndio e que podem ser utilizados, de acordo com a criatividade e conhecimento técnico do profissional envolvido nas ações de combate a incêndio e salvamento.

Figura 4 — Acesso ao telhado com a viatura APM


Ataque de penetração e perfuração
Nesse tipo de ataque, as linhas de mangueira lançam água na guarnição de salvamento, acompanhando-a pelo ambiente até que se alcance e se retire as vítimas.

Visa proteger a retirada segura de bombeiros e de outras pessoas envolvidas pelo incêndio e não a extinção propriamente dita. Exige grande número de linhas de mangueiras, bom suprimento de água e a tática acertada de cobertura entre as linhas.

Dependendo da situação, será necessário estabelecer linhas de combate para proteger aquelas que estão acompanhando a guarnição de salvamento.

A vantagem de estabelecer uma nuvem de água em torno do bombeiro é que se absorve calor mais rapidamente, criando uma atmosfera com temperatura mais amena ao redor da guarnição.



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