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09 outubro 2012

Riscos e sinais de colapso estrutural em ocorrências de incêndio - Anomalias em edificações - Rachaduras, trincas ou fissuras - Corrosão de ferragens – Recalques - Desplacamento de revestimentos externos - Problemas em marquises - Relação entre as anomalias com a ocorrência de incêndios estruturais


Riscos e sinais de colapso estrutural em ocorrências de incêndio


Anomalias em edificações

Todos os materiais que compõem as construções são susceptíveis a alterações por diversos motivos, sejam eles fatores naturais, humanos ou construtivos.

Diante dessas situações, as edificações podem sofrer algumas deformações ou patologias, que a partir daqui serão denominadas anomalias, dentre as quais os bombeiros podem identificar:

rachaduras (também conhecidas como trincas ou fissuras);

vazamentos e infiltrações;

corrosão de ferragens;

recalques;

desplacamento de revestimentos;

problemas em marquises.


Rachaduras, trincas ou fissuras

São aberturas de maior ou menor extensão nas superfícies das construções (paredes, tetos e lajes), as quais são classificadas quanto:



Quanto ao sentido:

As rachaduras de sentido vertical, horizontal ou aleatória são, geralmente, decorrentes do:

próprio peso da estrutura;

alterações climáticas;

retração dos produtos à base de cimento;

deformações excessivas.


Figura 5 - Exemplo de rachadura aleatória, horizontal e vertical em paredes


Quando essas anomalias aparecem entre a alvenaria e a peça estrutural — vigas ou pilares — provavelmente são motivadas pela deficiência da amarração, que é a junção das paredes com as vigas.

Em geral, as fissuras diagonais, com angulação de aproximadamente 45º, aparecem devido a alterações no solo de fundação, em que a edificação ou parte de sua estrutura diretamente envolvida tende a se acomodar (recalques), tratando-se de um problema estrutural mais grave.


Figura 6 - Exemplo de rachadura diagonal


Rachaduras em diagonal em grande número, de rápido desenvolvimento ou em peças estruturais (vigas e pilares) indicam que algo grave está acontecendo, sendo de extrema necessidade uma vistoria emergencial por equipe especializada e de todo o cuidado por parte de todos os bombeiros presentes.


Quanto à profundidade:

As rachaduras superficiais ocorrem apenas sobre os revestimentos dos tetos, das paredes ou das peças estruturais, tais como rebocos e pinturas, não afetando a estrutura.

As anomalias profundas chegam a atingir a alvenaria das construções (tijolos) e em caso de estruturas com armações de aço (concretos armados), atingem as ferragens que estão em seu interior.

As rachaduras transpassantes, quando em situações avançadas, atravessam a estrutura afetada de um lado ao outro das paredes ou lajes.


Quanto ao movimento:

As vivas ou ativas são assim denominadas porque se movimentam, seja por movimentos cíclicos (expansão e contração), seja por crescimento em extensão.

As anomalias mortas ou inativas são aquelas que não se movimentam.

Para realizar a identificação desses tipos de anomalias deve-se acompanhar seu desenvolvimento por meio de métodos de controle de aberturas.


Vazamentos e infiltrações

Vazamentos são locais por onde escoam líquidos, gases e demais produtos que passam por tubulações ou envasados.

Infiltração é o processo de passagem ou acúmulo de um líquido por um meio sólido, como uma laje ou parede.

Nos incêndios podem ocorrer ambos os processos, porém serão visualizados mais facilmente os vazamentos, já que as infiltrações são processos mais longos e geralmente perceptíveis após um dano.

Os motivos mais comuns para a ocorrência dessas anomalias são os rompimentos de tubulações, estado precário ou ausência da impermeabilização, baixa qualidade de rejuntes de revestimentos cerâmicos (pisos e fachadas), manutenção inadequada de reservatórios ou tubulações.

Com a ocorrência de uma ou mais situações anteriormente mencionadas, pode-se iniciar uma gradativa deterioração dos materiais construtivos, situações que podem ser agravadas durante o combate ao incêndio, exigindo dos bombeiros atenção e cuidados.

Durante a fase de reconhecimento, a identificação de infiltrações pré-existentes indica um fator de risco às guarnições, uma vez que essas anomalias podem enfraquecer seriamente a capacidade resistiva do elemento estrutural.


Corrosão de ferragens

Conforme exposto no Módulo 1 deste manual, a corrosão é uma reação química lenta, na qual acontece uma deteriorização gradual e quase imperceptível do material, exatamente como ocorre com a ferrugem.

As ferragens que compõem as estruturas serão atingidas pelo processo de corrosão, principalmente quando ocorrem infiltrações ou exposição às intempéries.

Suas principais conseqüências são:

perigosa expansão da malha de ferragens, causando trincas e desagregação, em placas ou “farelos”, do concreto que a recobre;

perda da segurança das peças estruturais (vigas, lajes, pilares, marquises);

perda da aderência entre o concreto e as ferragens;

diminuição da resistência da estrutura;

ruptura da armação e/ou do concreto, causando o colapso de estruturas.


No caso de incêndio, o descolamento de pedaços de concreto sugere risco iminente para as guarnições. Os locais devem ser interditados e isolados, pois tais características sugerem ações de escoramento emergencial, as quais devem ser realizadas por equipes especializadas e treinadas.


Recalques

São rebaixamentos de terra no que se refere às fundações, às paredes ou às peças estruturais.

Possuem como principais características:

rachaduras inclinadas, verticais e horizontais,

afundamentos de pisos,

desnivelamentos e desaprumos,

esquadrias emperradas;

guias de elevadores desalinhadas.


Suas causas são:

aberturas de escavações próximas àquele local (como em construções de novas obras);

erosão no subsolo (vazamentos);

vibrações;

tremores de terra;

alteração química do solo;

rebaixamento do nível d’água;

carregamento mal dimensionado (todo material se deforma quando carregado);

fundações inadequadas.


As principais conseqüências dos recalques são:

problemas nas fundações;

segurança estrutural da edificação comprometida;

prováveis riscos de colapsos estruturais.


Recomenda-se que seja feito:

o acionamento da Defesa Civil, por meio do Centro de Operações dos Corpos de Bombeiros;

o escoramento emergencial das estruturas avariadas, realizado por equipes especializadas e treinadas;

o acompanhamento da evolução das rachaduras (controle);

a interdição e o isolamento do local.


Desplacamento de revestimentos externos

São os casos em que ocorrem o descolamento de placas de concreto, cerâmicas, rebocos e outros revestimentos de fachadas, causando, dessa forma, um risco de queda desses materiais sobre os transeuntes e usuários dessas edificações.


Suas principais causas são:

assentamento mal executado ou com materiais inadequados;

inadequada aplicação das juntas de dilatação;

desrespeito às normas vigentes;

infiltrações deteriorando a base de revestimento;

inexistência de manutenção periódica.


Nesses casos, deve-se retirar o material em risco de queda, quando em fachadas e executar o isolamento das áreas afetadas.



Problemas em marquises

Marquises são coberturas em balanço na parte externa de uma edificação, destinadas à proteção da fachada ou a abrigos de pedestres.

Anomalias nesse tipo de estrutura geralmente são originárias de suas construções, porém existem também outras causas como, por exemplo, o acréscimo de cargas.

Como conseqüência, apresentam algumas características:

rachaduras, trincas ou fissuras;

infiltrações;

destacamento de revestimentos;

corrosão da armadura;

bordas cedendo.


Nos casos dessas anomalias, recomenda-se o acionamento imediato da Defesa Civil, além do isolamento e sinalização do local.

Na marquise, a ferragem que a sustenta se localiza próxima à superfície superior da laje e é ancorada dentro da parede adjacente a esta. Com o escoramento, aplica-se uma força contrária (de baixo para cima), fazendo com que o peso próprio da laje a deforme no centro e cause a queda. O escoramento só deve ser feito por equipe especializada.

Como a armadura (ferragem) da marquise se concentra na parte superior, o concreto em deformação no meio do vão se romperá com facilidade com a ação do escoramento, causando o colapso estrutural.


Relação entre as anomalias com a ocorrência de incêndios estruturais

Após a compreensão do que são as anomalias, com suas causas e conseqüências, é possível abordar o comportamento das edificações durante e após ocorrências de incêndios estruturais.

Os materiais construtivos de uma edificação, expostos ao fogo e às altas temperaturas, sofrem alterações em suas constituições químicas e físicas, podendo perder as características de funcionalidade e apresentarem riscos, pelo enfraquecimento de sua estrutura.


Anomalias causadas por incêndios

Em decorrência do comportamento dos incêndios, os materiais componentes das estruturas das edificações podem sofrer algumas alterações, em seu aspecto e forma devido à exposição ao calor, tais como:

calcinação (aquecimento em altíssimo grau) e esfoliação (esfarelamento) do concreto;

deformações acentuadas das estruturas;

concreto desagregado;

perda da aderência entre o aço e o concreto;

diminuição da capacidade de resistência.


Para melhor entender as características das anomalias que podem ser encontradas em decorrência dos incêndios, segue abaixo a Tabela de Cánovas (1977), que relaciona a evolução do comportamento do concreto em função da elevação da temperatura ambiente.

  

Após a apresentação da tabela, pode-se afirmar que quanto maior o tempo de exposição do concreto às altas temperaturas, maiores serão os danos às suas estruturas física e química.

Como consta da tabela, a partir dos 600ºC, temperatura facilmente alcançada nos incêndios em compartimentos (residências, apartamentos, galpões, etc.), o concreto perde 70% de sua resistência.

Dessa forma, deve-se monitorar, desde o início do combate ao incêndio, as estruturas dos locais e ambientes sinistrados.


Diante de condições similares, os bombeiros envolvidos nas operações deverão adotar as seguintes medidas de segurança:

evitar jogar água com jatos compactos e diretamente nas peças estruturais (lajes, vigas, pilares);

observar a existência de pontos com bolhas, fissuras, rachaduras ou com colorações distintas nas paredes e tetos de cimento ou concreto - tais sinais indicam alterações da resistência naquela parte da estrutura;

informar às guarnições presentes no local para, em caso de estalos, soltura ou quedas de pedaços das construções, retirarem-se o quanto antes do interior do ambiente;

interditar e isolar o local e suas proximidades;

acionar, imediatamente, a Defesa Civil, por meio do Centro de Operações.



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