13 outubro 2012

Aspectos gerais - Sistemas de Segurança contra incêndio



Aspectos gerais

Ao serem chamadas para atender a ocorrência de incêndio em edificação, normalmente, as guarnições encontram sistemas de proteção do próprio prédio, tais como: saídas de emergência, extintores, hidrantes e chuveiros automáticos (sprinklers).

Tais sistemas de proteção são projetados e executados por profissionais da área de engenharia, após aprovação do CBMDF e, portanto, não foram instalados aleatoriamente em uma edificação. Os sistemas se destinam, principalmente, a facilitar as ações de combate a incêndio e salvamento desenvolvidas pelas equipes de socorro.

Por esses motivos, saber utilizá-los torna-se fundamental. Os bombeiros podem e devem usar, prioritariamente, os meios que a edificação dispõe no combate e no salvamento de vítimas. A utilização desses recursos na tática de combate a incêndios facilita as ações, diminuindo os riscos associados ao uso de outras técnicas.

Portanto, conhecer os sistemas de proteção contra incêndio e pânico das edificações é fator preponderante para o bom desempenho nas  ações de bombeiros, uma vez que o socorro será mais eficiente na medida em que a guarnição souber tirar proveito dos recursos instalados no  prédio.

O combate a incêndio se realiza por meio de um ciclo operacional composto por três fases: prevenção, extinção (ou combate propriamente dito) e perícia. A perícia refere-se à investigação das causas de incêndio. A extinção refere-se às técnicas e táticas de combate propriamente ditas, tratadas nos módulos 3 e 4 deste manual.

A prevenção antecede a ocorrência do incêndio. Normalmente, é  desenvolvida por meio de palestras, instruções, e, principalmente, adoção de medidas de proteção contra incêndio e pânico. Tais medidas são o tema deste módulo e englobam os sistemas de proteção contra incêndio e pânico. Porém, antes de dar início ao tema, faz-se necessário conhecer um pouco mais sobre a engenharia de segurança contra incêndio e pânico.

No passado, os profissionais de segurança exerciam suas funções empiricamente, utilizando apenas treinamentos básicos adquiridos em suas ocupações. Pouco a pouco, a segurança tem se convertido em uma ciência completa e multidisciplinar. Atualmente, os diversos ramos da segurança (pessoal, patrimonial, do trabalho ou contra incêndio) lançam mão, em larga escala, de recursos altamente tecnológicos.

A engenharia de proteção contra incêndios é o campo da engenharia que trabalha para a salvaguarda da vida e do patrimônio, minimizando eventuais perdas devidas ao fogo e às explosões, bem como por outros danos decorrentes do sinistro.

O engenheiro de proteção contra incêndios se preocupa tanto com a proteção de instalações, quanto com a segurança das vidas humanas. É por isso que muitos se referem à profissão como a segurança contra incêndio e pânico, unindo assim a segurança da vida humana com a proteção das instalações.

A segurança contra incêndio e pânico é uma área bastante dinâmica, uma vez que está intimamente relacionada à evolução dos conhecimentos técnico-científicos, mas seu dinamismo não está (nem pode estar) restrito somente ao conhecimento tecnológico.

Ela deve levar em consideração a forte inter-relação com os demais ramos do conhecimento. A segurança contra incêndio e pânico, portanto, resulta da interação positiva entre os diversos ramos da engenharia (civil, elétrica, mecânica etc.), com a área físico-química e com áreas econômico-administrativas e comportamentais. Dessa forma, a consecução da segurança contra incêndio e pânico deve ponderar tanto os aspectos técnico-materiais como os aspectos sócio-econômicos presentes na dualidade homem-meio.

A atividade de segurança contra incêndio e pânico relaciona diversos atores sociais: usuários das edificações, órgãos públicos de fiscalização, seguradoras, empresas prestadoras de serviço de segurança contra incêndio e pânico, profissionais de projeto e construtoras, além de entidades e laboratórios de pesquisa.

Cada um desses setores da sociedade possui interesses específicos, que, por vezes, entram em conflito. Esses interesses conflitantes, muitas vezes, são totalmente legítimos. Logo, é preciso que os interesses de cada setor sejam equilibrados e respeitados.

O sistema global de segurança contra incêndio e pânico é um conjunto de ações que se originam do perfeito entendimento dos objetivos da segurança contra incêndio e dos requisitos funcionais a serem  atendidos pelos edifícios.

Edifício seguro contra incêndio é aquele que possui uma baixa probabilidade de início de incêndio e, caso ocorra, há alta probabilidade de que todos os seus ocupantes sobrevivam sem sofrer qualquer injúria e, no qual os danos às propriedades serão confinados às vizinhanças imediatas do local em que se iniciou, sendo reduzidas as perdas provocadas pelo incêndio.


Para tal, as edificações deverão possuir os seguintes requisitos funcionais:

- dificultar a ocorrência do incêndio, bem como a sua generalização no ambiente onde se originou;

- facilitar a extinção do incêndio antes da ocorrência da generalização no ambiente onde eclodiu;

- dificultar a propagação do incêndio para outros ambientes do edifício, caso o incêndio tenha se generalizado no seu ambiente de origem;

- facilitar a fuga dos usuários da edificação;

dificultar a propagação do incêndio para outros edifícios;

- não sofrer ruína parcial ou total;

- facilitar as operações de combate ao incêndio e de resgate de vítimas.
 

Com base nos requisitos funcionais que os edifícios devem possuir, são adotadas as medidas de prevenção e de proteção contra incêndio.

As medidas de prevenção visam controlar o risco do início do incêndio e as medidas de proteção visam proteger a vida humana e os bens materiais dos efeitos nocivos do incêndio, sendo divididas em duas  categorias: uma relativa ao processo produtivo e a outra relacionada ao uso do edifício, podendo ser ativas ou passivas.

Os Bombeiros Militares por meio da Diretoria de Serviços Técnicos, adota medidas que atuam nas duas categorias acima referenciadas, na análise do projeto e na vistoria, consecutivamente, como será abordado mais adiante.

Na análise de projetos, são verificadas as medidas relacionadas com o processo de produção do edifício, como: o correto dimensionamento das instalações de serviço, a provisão da sinalização de emergência, o controle da quantidade de materiais combustíveis incorporados aos elementos construtivos, a provisão de equipamentos de combate, a compartimentação, a provisão de detectores de incêndio etc.

Na vistoria, são observadas as medidas relacionadas com o uso da edificação, como: a manutenção das instalações, a conscientização do usuário, a quantidade de materiais combustíveis incorporados e  estocados, a elaboração de planos de abandono, a formação e treinamento de brigadas etc.

Portanto, os conceitos de edifício seguro e de segurança global norteiam as ações de filosofia de trabalho na área da segurança contra incêndio e pânico.




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